terça-feira, novembro 29, 2005

Decifra-me

Decifre os códigos
Decifre os símbolos
Decifre as rimas sem nexo

E encontrarás
O segredo à muito escondido
Ou então...

Devorarei sua insensatez
Sua estupidez
Sua ignorância

Em letras carmesim
Que trazem o estigma
Da cor da dor

Decifra-me ou o Devorarei
Em cada rima construída
A cada novo anoitecer

Decifra-me.

Patrícia Prado

O que eu queria...

Queria compor uma canção que falasse de amor
Mas, não há como compor
Não há amor

Queria escrever um poema que falasse de alegria
Mas, não há o que dizer
Sobre essa magia

Na verdade o que eu queria mesmo
Era estar agora frente ao mar
Olhando as estrelas, só as estrelas.

Patrícia Prado

segunda-feira, novembro 28, 2005

Qual tem sido o seu tempo?


Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.
Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;
Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar;
Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar;
Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar;
Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora;
Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar;
Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.
Eclesiastes 3

domingo, novembro 27, 2005

Amizade

Pode ser que um dia deixemos de nos falar...
Mas, enquanto houver amizade,
Faremos as pazes de novo.

Pode ser que um dia o tempo passe...
Mas, se a amizade permanecer,
Um do outro há de se lembrar.

Pode ser que um dia nos afastemos...
Mas, se formos amigos de verdade,
A amizade nos reaproximará.

Pode ser que um dia não mais existamos...
Mas, se ainda sobrar amizade,
Nasceremos de novo, um para o outro.

Pode ser que um dia tudo acabe...
Mas, com a amizade construiremos tudo novamente
Cada vez de forma diferente,
Sendo único e inesquecível cada momento
Que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre.

Há duas formas para viver sua vida:
Uma é acreditar que não existe milagre.
A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre.

Albert Einsten (1879 – 1955)

A batalha das Palavras


Como notas de uma canção elas surgem
Palavras.
Palavras soltas ao vento,
Palavras presas ao tempo.

Moldadas como que pelas mãos de um ferreiro
Surge a arma que fere, que mata, que traz vida
Palavras.
Palavras soltas ao vento,
Palavras presas à alma.

Fantasia, ilusões, desilusões...
Sonhos de mil e uma noites
Fadas, fantasmas, deuses...
O mundo das Palavras,
O mundo das Idéias,
O mundo das Ilusões.

E com a mente cheia de Palavras
Como alquimistas trabalhamos com esse elemento
A fim de encontrar
O mundo das Palavras,
O mundo das Idéias,
O mundo das Ilusões,

Feitos de Palavras,
Feitos de Sonhos,
Feitos de Ilusões,
As Palavras.
Patrícia Prado

domingo, novembro 20, 2005

Meu silêncio


No meu silêncio há gritos,
Há gemidos,
Há sons.
Sons audiveís
Que no descompasso da vida
Cria uma canção
Triste, fúnebre.

No meu grito há silêncio.
Silêncio que esconde a verdade,
Silêncio que revela a mentira,
Silêncio que não diz o que deve ser dito.

Meu silêncio é broquel
Com o qual protejo-me
De meu algoz
Que tenta quebrar, que tenta romper
O meu silêncio.

Patrícia Prado

Estrelas

Em meio as brumas
Vejo ainda o céu
E a pintá-lo
Estrelas.
Patrícia Prado

Carpe Diem

Respeitável público!
O grande dia chegou!
E com ele toda mágia que a vida pode trazer.
Afinal, resta-nos, como certeiro, apenas este minuto
Que é tão infinito quanto a gota de orvalho
Que cae sobre a relva seca,
E tão finito quanto a esperança
De viver, de amar, de sonhar.

Então, que as cortinas se abram,
Que os aplausos se rompam e que
A festividade da vida entre e faça a festa!
Que o riso seja ouvido pelos quatro cantos,
E que a vontade de Ser não seja impedida
Pela prudência nem seja aprisionada pela
Ignorância de não Ser.

Hoje é o dia. O dia de se alegrar, o dia de cantar...
E cantar um canto que faça desabrochar flores,
Ressucitar amores, reacender a luz da vida...

Esta é a hora de enxugar o pranto,
Reviver o canto,
Ser feliz.

Afinal, resta-nos apenas esse minuto
Para trazer a existência a eternidade
A eternidade de Ser.

Patrícia Prado

Quadrado


Fechado em um quarto, escrevo.
Fechado em um mundo, relembro...

Os dias de sonhos sonhados,
Os dias de rosas roubadas,
Os dias de infantis recordações...

Aberto em um estado, encontro-me.
Aberto em feridas, sinto...

Os dias que me foram roubados,
Os sonhos que me foram tirados,
As rosas impedidas de abrir...

Fechado sinto-me,
Aberto recordo-me,
Sozinho fico.

Patrícia Prado

Ecos

Ouça, o nada.
Ouça, o tudo.

Você tem ouvidos para ouvir?
Você pode ouvir?

Ouça, então
O tudo.
Ouça, então
O nada.
Ouça, a minha solidão.

Ouça.

Patrícia Prado

sábado, novembro 19, 2005

Põe-me as mãos nos ombros

Põe-me as mãos nos ombros...
Beija-me na fronte...
Minha vida é escombros,
A minha alma insonte

Eu não sei por quê,
Meu desde onde venho,
Sou o ser que vê,
E vê tudo estranho.

Põe a tua mão
Sobre o meu cabelo...
Tudo é ilusão
Sonhar é sabê-lo.

Fernando Pessoa

A Flor que és


A flor que és, não a que dás, eu quero.
Porque me negas o que te não peço.
Tempo há para negares
Depois de teres dado.

Flor, sê-me flor! Se te colher avaro
A mão da infausta esfinge, tu perene
Sombra errarás absurda,
Buscando o que não deste.

Ricardo Reis

Mar Português



Ó mar salgado, quando do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? TUDO VALE A PENA
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além da Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa

Planos Mortais



Planejar.... planos....
Característica típica dos mortais,
Que passam os dias idealizando uma vida
E morrem sem vivê-la.

Patrícia Prado