quarta-feira, outubro 04, 2006

Mais-que-perfeito


Gosto de Vinícius, gosto de Pessoa.
Gosto daqueles que me fazem sonhar.

Gosto do som, gosto do tom.
Gosto daquilo que é ilusão.

E de tanto gostar,
Invento novas conjugações para o verbo amar.

E afinal, eu gosto ou não de conjugar?

A cartilha a muito esquecida
Vai perdendo sua forma
E as letras esmurecidas
Ainda refletem fugazmente os sentimentos ainda sentidos...

E assim, no vai e vem da vida
O verbo que não que deixar de ser
Torna-se pródigo de uma história sem fim
A conjugar sempre, sempre
Querendo deixar de ser mais-que-perfeito
Para de fato afirmar-se presente.

terça-feira, outubro 03, 2006

Quase sem querer



Eu tenho andado distraído
Impaciente e indeciso
E ainda estou confuso
Só que agora é diferente
Estou tão tranquilo e tão contente

Quantas chances desperdicei
quando o que eu mais queria
Era provar pra todo mundo
Que eu não precisava provar
Nada pra ninguém

Me fiz em mil pedaços
Pra você juntar
E queria sempre achar explicação
Pro que eu sentia
Como um anjo caído
Fiz questão de esquecer
Que mentir para si mesmo
É sempre a pior mentira

Mas não sou mais
Tão criança a ponto de saber tudo
Já não me preocupo se eu não sei porquê
Ás vezes o que vejo quase ninguém vê
E eu sei que você sabe
Quase sem querer
Que eu vejo o mesmo que você

Tão correto, tão bonito
O infinito é realmente um dos deuses mais lindos
Sei que as vezes uso palavras repetidas
Mas quais são as palavras que nunca são ditas?

Me disseram que você estava chorando
E foi então que eu percebi
Como lhe quero tanto

Já não me preocupo
Se eu não sei porquê
As vezes o que eu vejo quase ninguém vê
E eu sei que você sabe quase sem querer
Que eu quero o mesmo que você.

Legião Urbana

Paradoxo



Dia/Noite.
Trevas/Luz.

Na dialética dos movimentos
No descompasso da vida,
A recaída.

Abismo/Inferno.
Céu/Paraiso.

Sons que embalam o sono noturno,
Desejo que faz desabrochar a dor.

Negro é o coração.
Dilacerado pelo eterno sofrer
De não ter,
De não poder,
De não ser.

Patrícia Prado