À
porta algumas bagagens já se encontram preparadas para a partida.
O
olhar turvo vê a frente o que parece ser um caminho. Mas nada definido.
Apenas
algumas ideias que com o tempo tornam-se certeza de que é preciso partir.
Entre
as bagagens algumas fotos amarelas pelo tempo dizem que o instante é efêmero e
o que passou, passou: as fotos devem ser guardadas. O culto ao passado deve
cessar.
E
assim, vou partindo em uma despedida lenta e que acontece entre pausas de
alegrias e nostalgia. Eu estou partindo, mas será que alguém perceberá? Você
perceberá?
Será
que alguém notou que as roupas foram recolhidas do varal? Que o mato que cresce
entre as roseiras é um sinal de que o jardineiro fora dispensado e por isso as
gramas que antes ornavam o pequeno e singelo jardim já se vão também pelo
abandono? Será que ninguém viu a vidraça há dias quebrada?
O
abandono; ele é um dos sinais da partida. E eu abandono aos poucos; abandono
sabendo que uma vez que a porta se fechar não haverá retorno. E assim, aos
poucos vou partindo, vou indo, seguindo, sem que você perceba meu adeus.
Patrícia Prado
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