quinta-feira, setembro 16, 2010

Aula de Amor


Lição I: Estratégias da Cultura do Amor

- Amor chega aqui. Quero e preciso tomar algumas satisfações a você.
- Não adianta brigar comigo. Sou apenas mais um sentimento.
- Estou em uma crise de abstinência de você!
- Pare! Nem me conhece direito. O que sabes de amar?
- Sei que dói. Que me deixa fraco e com medo de tudo. Que me faz desejar o que nunca desejei fazer antes. Que me faz ceder e crescer e reaprender. Não gosto disso! Faz-me sentir que sou incompleto, que possui lugares sem luz dentro de mim. Que a claridade vem dos olhos teus.
- Então, diga o que desejas saber... Não tenho muito tempo pra você, por isso seja breve.
- A pergunta é simples: Como fazes para que esta incontida e desejada dor, que és, torna-se a razão para tantos ao mesmo tempo? Nem a própria loucura escapa de te amar...
- Ai! Tolo! O processo de amar não é tão simples de diagnosticar assim. Não sou um modelo único como contado pelas dezenas de livros de romances ou novelas... Tenho mais modalidades que os saltos olímpicos. Mas, você está pronto para falar sobre isso?
- Já tomei minha caneta e papel nas mãos.
- Tome nota então: Primeiro surpreendas todas as gerações com o amor Paternal ou Maternal e crie uma dependência mutua de veneração e respeito. Quando um pai herói e uma mãe super-protetora executam bem seu papel criam verdadeiras Cinderelas e ótimos Don Juan capazes de povoar a terra do bom e romântico conto de fadas. E neste momento amplio o horizonte das crianças com contos de fadas. Sempre poderemos no mundo da imaginação ter fadas madrinhas, esperar em uma cama quente o príncipe encantado e se for das pessoas mais agitadas correrá atrás de um sapo ou procurará em todos os cantos do mundo pela mulher que conseguiu calçar um sapato de cristal. Na infância você projetará toda a possibilidade de amar. As formas mais elaboradas de sonhar estão no coração das crianças.
- Nossa parece frio isso?
- Nunca... Imagine que muitas crianças já sabem qual relacionamento querem para si. Querem um príncipe no cavalo branco que a tome nas mãos e baile por toda noite. Alguns homens desejam a mulher de voz suave e dócil, feminina... A princesa! Isso muda um pouco na cultura contemporânea. Mas, a grande verdade é que como não podem ser mais os super-heróis assumem facilmente o cargo do “bad boy” como distorção dos vilões.
- Mas, porque desejar-te então?
- As desilusões e frustrações só nos fazem querer mais e mais o intangível. Será na infância que o mundo perfeito, o platonismo, o enamoramento com a vida, o primeiro amor acontecerá. Sabe, quando suas mãos frias, o suor, a gagueira e as palavras que não saem. Aquela sensação gostosa de “não ser notado” quando passa pelo ridículo de acompanhar quem ama com os olhos no meio do pátio do recreio. Essas sensações nos condicionam e nos definem pelo resto da vida. Eu educo desde bem cedo. Ao contrario dos demais sentimentos, preciso me adaptar e me aperfeiçoar. Afinal, algumas pessoas como você se imunizam a cada amor. Daí, preciso me desdobrar até perceber uma brecha em um coração calejado.
- Apenas, não tenho grande tolerância à dor...
- Pelo contrario, você percebeu o que muitos querem ignorar.
- Apenas acho que não existem príncipes no cavalo branco atrás da dona do sapado de cristal. Não existem perfeições. Não existe, no real que é a vida, a pessoa certa. Existem escolhas e podas. Existem químicas e associações que refletem nossos projetos para a felicidade. Quando encontramos alguém que soma isso deve repercutir em uma explosão de prazer em estar inteiro frente à outra pessoa.
- Bom agora fecha seus olhos e confessa se tudo que saiu de sua boca é verdade? Diga se enquanto falava tudo isso não pensava em um modelo perfeito do ser. Seu vício está na busca. Você inteiro também crê que encontrará alguém que alicerce seus sonhos. Querido, a verdade que ainda está sofrendo da ultima sacudida que lhe dei. Cure-se e se faça mais forte. Porque da próxima vez quero voltar com mais força e intensidade e quero ir mais longe a nossa conversa.
- Sabe amor. Da última vez você me deixou sem resquícios e agora você se vai me deixando confuso.
- Da última vez eu fiz tudo sozinho... Desta vez tive sua ajuda. Preciso ir!
- Vá! Até breve!
- Viu! Da última vez você disse adeus.


Marcos Paulo de Oliveira Bueno : Um amigo que tem me ensinado sobre "Manutenção de sentimentos"

2 comentários:

Anônimo disse...

Ensinado não... apenas faço diagnósticos!

Anônimo disse...

hummm. Claro Dr. rsrsr
bem que o sr. poderia falar sobre isso hein? mais um texto poderia me dar?

patrícia