Vem vamos embora que esperar não é saber, quem sabe faz a hora não espera acontecer... Quem nunca ouviu esse refrão? Quem não cantarolou essa frase algum dia? Esse foi um dos hinos de uma geração que lutou bravamente contra a incoerência, contra a mentira de um país que sempre pregou a democracia. Hoje, esse mesmo hino eclode na mídia anunciando uma nova era onde a democracia se faz ver através da educação. Novamente essa será a canção de muitos. Mas os que irão cantar sabem o porque cantam? Dizem por aí que quem canta os males espanta, mas nesse caso será preciso mais que uma bela canção para espantar o mal que está por vir. Ao mencionar essa canção, faço menção do Pro-Uni. Uma proposta do governo para inserir a grande massa nas Universidades Privadas. Uma boa estratégia? Talvez, mas não sejamos de todos pessimistas. Tudo na vida é relativo e não seria diferente nessa questão. Existem os que defendem tal ação como forma de dar oportunidade aqueles que não foram afortunados pela vida e não tiveram uma base educacional que os ajudasse a concorrer com as “Patrícinhas” e “Mauricinhos” da vida. Assim, o governo dá uma mãozinha pró povão e o povão dá uma mãozinha pró governo e é claro para a nação pois a educação é a grande mola propulsora do progresso! Outros já são contrários e dizem que tal ação favorecerá apenas os empresários que estão cheios de cheques sem fundo e uma lista de nomes pronta para o SPC. Favorável ou contra a pergunta que fica hoje é: os que estão a entrar com o aval do governo sabem os que o esperam? Será que a Universidade é um lugar onde o saber se desenvolve sem discriminação, onde todos somos irmãos, mauricinhos, patrícinhas e tatis da vida andam juntos em busca do saber a fim de que nosso país tenha a ordem e o progresso que tanto almejaram os positivistas? Pois bem, que abram as portas das Universidades, que entre o povo, mas que todos saibam que a discriminação se apresenta na fala dos mestres e como um sino que soa faz com que suas badaladas ecoem sobre todos criando um exercito que empunha o preconceito como a arma de seu combate. Negros na Universidade? Deficientes? Escola pública? Cota? Que gente é essa que entra pelos portões da GRANDE ACADEMIA e divide os bancos com aqueles que (não sei porque) tem o direito a estarem aqui? Que gente é essa que “rouba” parte das vagas nas GRANDES INSTITUIÇÕES PÚBLICAS? Que gente é essa que não consegue pensar, mas está aqui entre nós, as GRANDES MENTES PENSANTES? Que gente é essa que sai dos guetos e traz um novo som que tenta se afinar com o dos GRANDES MESTRES POSITIVISTAS? Que gente é essa que quer ser gente, mas não consegue pensar como gente GRANDE e por isso faz com que nosso ensino caia? Esse tem sido o discurso de muita gente grande nas Universidades Públicas sobre os cotistas. E o que dirão dos Pró Uni da vida? Esse é apenas um pequeno ensaio de uma discussão que deve continuar. E enquanto nos preparamos, vamos caminhar e cantar pois a morte é certa e o futuro só a Deus pertence! Quem sabe faz a hora, não espera acontecer. Papalagui Honestino um integrante dessa gente.
Texto redigido por Patrícia Prado em dezembro 2005 como manifesto há discriminação sofrida pelos cotistas em uma Universidade Pública de Minas.
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