quinta-feira, dezembro 28, 2006
Religare
E o verbo se fez carne...
Nada será como antes. Nada.
Eis que tudo se fez novo. Posso ver.
A palavra. A ação concreta.
Morte.Vida.
Trevas. Luz.
Ligado ao Eterno, novamente.
O caminho. A cruz.
Metamorfose.
Patrícia Prado
sexta-feira, dezembro 08, 2006
Um pouco de Quintana
- Boa tarde... - Boa tarde! - E a doce amiga
E eu, de novo, lado a lado, vamos!
Mas há um não sei quê, que nos intriga:
Parece que um ao outro procuramos...
E, por piedade ou gratidão, tentamos
Representar de novo a história antiga.
Mas vem-me a idéia... nem sei como a diga...
Que fomos outros que nos encontramos!
Não há remédio: é separar-nos, pois.
E as nossas mãos amigas se estenderam:
- Até breve! - Ate breve! - E, com espanto
Ficamos a pensar nos outros dois.
Aqueles dois que há tanto já morreram...
E que, um dia, se quiseram tanto!
Mário Quintana - Soneto Póstumo
E eu, de novo, lado a lado, vamos!
Mas há um não sei quê, que nos intriga:
Parece que um ao outro procuramos...
E, por piedade ou gratidão, tentamos
Representar de novo a história antiga.
Mas vem-me a idéia... nem sei como a diga...
Que fomos outros que nos encontramos!
Não há remédio: é separar-nos, pois.
E as nossas mãos amigas se estenderam:
- Até breve! - Ate breve! - E, com espanto
Ficamos a pensar nos outros dois.
Aqueles dois que há tanto já morreram...
E que, um dia, se quiseram tanto!
Mário Quintana - Soneto Póstumo
Canção do Amor Imprevisto
Eu sou um homem fechado.
O mundo me tornou egoísta e mau.
E minha poesia é um vicio triste,
Desesperado e solitário
Que eu faço tudo por abafar.
Mas tu apareceste com tua boca fresca de madrugada,
Com teu passo leve,
Com esses teus cabelos...
E o homem taciturno ficou imóvel,
sem compreender nada, numa alegria atônita...
A súbita alegria de um espantalho inútil
Aonde viessem pousar os passarinhos!
Mário Quintana
O mundo me tornou egoísta e mau.
E minha poesia é um vicio triste,
Desesperado e solitário
Que eu faço tudo por abafar.
Mas tu apareceste com tua boca fresca de madrugada,
Com teu passo leve,
Com esses teus cabelos...
E o homem taciturno ficou imóvel,
sem compreender nada, numa alegria atônita...
A súbita alegria de um espantalho inútil
Aonde viessem pousar os passarinhos!
Mário Quintana
quinta-feira, novembro 23, 2006
O amor
O amor, quando se revela, Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela, Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente Não sabe o que há de *dizer.
Fala: parece que mente Cala: parece esquecer
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr'a saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
Fernando Pessoa
quinta-feira, novembro 16, 2006
Se te pareço ausente, não creias:
hora a hora minha dor agarra-se aos teus braços,
hora a hora meu desejo revolve teus escombros,
e escorrem dos meus olhos mais promessas.
Não acredites nesse breve sono;
não dês valor maior ao meu silêncio;
e se leres recados numa folha branca,
Não creias também:
é preciso encostar teus lábios nos meus lábios para ouvir.
Nem acredites se pensas que te falo:
palavras são meu jeito mais secreto de calar
Lya Luft
quarta-feira, outubro 04, 2006
Mais-que-perfeito
Gosto de Vinícius, gosto de Pessoa.
Gosto daqueles que me fazem sonhar.
Gosto do som, gosto do tom.
Gosto daquilo que é ilusão.
E de tanto gostar,
Invento novas conjugações para o verbo amar.
E afinal, eu gosto ou não de conjugar?
A cartilha a muito esquecida
Vai perdendo sua forma
E as letras esmurecidas
Ainda refletem fugazmente os sentimentos ainda sentidos...
E assim, no vai e vem da vida
O verbo que não que deixar de ser
Torna-se pródigo de uma história sem fim
A conjugar sempre, sempre
Querendo deixar de ser mais-que-perfeito
Para de fato afirmar-se presente.
terça-feira, outubro 03, 2006
Quase sem querer
Eu tenho andado distraído
Impaciente e indeciso
E ainda estou confuso
Só que agora é diferente
Estou tão tranquilo e tão contente
Quantas chances desperdicei
quando o que eu mais queria
Era provar pra todo mundo
Que eu não precisava provar
Nada pra ninguém
Me fiz em mil pedaços
Pra você juntar
E queria sempre achar explicação
Pro que eu sentia
Como um anjo caído
Fiz questão de esquecer
Que mentir para si mesmo
É sempre a pior mentira
Mas não sou mais
Tão criança a ponto de saber tudo
Já não me preocupo se eu não sei porquê
Ás vezes o que vejo quase ninguém vê
E eu sei que você sabe
Quase sem querer
Que eu vejo o mesmo que você
Tão correto, tão bonito
O infinito é realmente um dos deuses mais lindos
Sei que as vezes uso palavras repetidas
Mas quais são as palavras que nunca são ditas?
Me disseram que você estava chorando
E foi então que eu percebi
Como lhe quero tanto
Já não me preocupo
Se eu não sei porquê
As vezes o que eu vejo quase ninguém vê
E eu sei que você sabe quase sem querer
Que eu quero o mesmo que você.
Legião Urbana
Paradoxo
terça-feira, setembro 26, 2006
Assim falava Zaratustra
"Sabemos demais uns dos outros! E há quem chegue
a ser transparente para nós sem que possamos por muito tempo,
entretanto, passar através dele".
Friedrich W. Nietzsche
a ser transparente para nós sem que possamos por muito tempo,
entretanto, passar através dele".
Friedrich W. Nietzsche
segunda-feira, setembro 25, 2006
sexta-feira, setembro 01, 2006
Estigmas
Sou marcada.
Sou marcada pelo tempo,
Sou marcada pelo vento...
Sou marcada.
E, as marcas que trago no peito,
Fazem da memória
Um eterno suplício
Onde as imagens nunca desfazem;
Onde os fantasmas sempre surgem
Há banquetear junto á solidão.
Estigmas eternos são as marcas que tenho.
Feridas abertas por almas desalmadas
Que como algozes não perdoam sua vítima.
Atrozes destroem todos os sonhos,
Velozes roubam a ilusão.
As marcas que trago,
Fazem de mim o que sou:
Ser errante, ser itinerante,
Ser marcado, ser roubado
Ser que não é.
Patrícia Prado
sexta-feira, agosto 25, 2006
Recomeço
Depois de tantas noites sem luar,
De tantos versos tristes,
De tanta melancolia,
O Sol das Gerais ressurge em mim.
Deixo-o penetrar os recondidos da alma,
Permito-me banhar na sua luminosidade
Quero, serei, sou feliz.
Nada de passado, nada de futuro
Só o instante existe,
E a ele brindemos.
Dancemos, cantemos, alegremos
A arte de viver consiste em valorizá-lo
O instante.
Finito como uma bolha de sabão,
Infinito como a solidão.
As janelas se abrem, o sol adentra novamente.
O mofo dá lugar ao cheiro da esperança.
E o cinza de outrora se enche de lilás.
Patrícia Prado
De tantos versos tristes,
De tanta melancolia,
O Sol das Gerais ressurge em mim.
Deixo-o penetrar os recondidos da alma,
Permito-me banhar na sua luminosidade
Quero, serei, sou feliz.
Nada de passado, nada de futuro
Só o instante existe,
E a ele brindemos.
Dancemos, cantemos, alegremos
A arte de viver consiste em valorizá-lo
O instante.
Finito como uma bolha de sabão,
Infinito como a solidão.
As janelas se abrem, o sol adentra novamente.
O mofo dá lugar ao cheiro da esperança.
E o cinza de outrora se enche de lilás.
Patrícia Prado
segunda-feira, agosto 14, 2006
Partida
Há uma decisão em meu coração
E, inacreditavelmente
A razão diz sim.
Faço as malas.
Preparo-me para a viagem.
Fecho a porta.
E para trás ficam amores não resolvidos,
Falas malditas,
Memórias, muitas memórias...
A minha frente surge um caminho.
Desconhecido, instigante.
Minha bussóla é o desejo, desejo de ser.
Caminho. Caminhante sou.
Caminhante serei. Sempre. Sempre...
Patrícia Prado
E, inacreditavelmente
A razão diz sim.
Faço as malas.
Preparo-me para a viagem.
Fecho a porta.
E para trás ficam amores não resolvidos,
Falas malditas,
Memórias, muitas memórias...
A minha frente surge um caminho.
Desconhecido, instigante.
Minha bussóla é o desejo, desejo de ser.
Caminho. Caminhante sou.
Caminhante serei. Sempre. Sempre...
Patrícia Prado
terça-feira, agosto 08, 2006
Travessia
Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas que já têm a forma do nosso corpo e esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia…e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.”
Fernando Pessoa
Fernando Pessoa
Tenho tanto sentimento
Que e' frequente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheco, ao medir-me,
Que tudo isso e' pensamento,
Que nao senti afinal.
Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.
Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar."
- Fernando Pessoa
Que e' frequente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheco, ao medir-me,
Que tudo isso e' pensamento,
Que nao senti afinal.
Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.
Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar."
- Fernando Pessoa
Sonho. Não sei quem sou neste momento.
Durmo sentindo-me. Na hora calma
Meu pensamento esquece o pensamento,
Minha alma não tem alma.
Se existo é um erro eu o saber. Se acordoParece que erro.
Sinto que não sei.
Nada quero nem tenho nem recordo.
Não tenho ser nem lei.
Lapso da consciência entre ilusões,
Fantasmas me limitam e me contêm.
Dorme insciente de alheios corações,
Coração de ninguém.
Fernando Pessoa, 6-1-1923
Durmo sentindo-me. Na hora calma
Meu pensamento esquece o pensamento,
Minha alma não tem alma.
Se existo é um erro eu o saber. Se acordoParece que erro.
Sinto que não sei.
Nada quero nem tenho nem recordo.
Não tenho ser nem lei.
Lapso da consciência entre ilusões,
Fantasmas me limitam e me contêm.
Dorme insciente de alheios corações,
Coração de ninguém.
Fernando Pessoa, 6-1-1923
Eu perdi o meu coração no empoeirado caminho deste mundo;
Mas tu o tomaste em tuas mãos.
Eu buscava alegria e apenas colhi tristezas;
Mas a tristeza que me enviaste tornou-se alegria em minha vida
Os meus desejos se espalharam em mil pedaços;
Mas tu os recolheste e os reuniste em teu amor.
E enquanto eu vagava de porta em porta,
Cada passo meu estava me conduzindo ao teu portal.
Rabindranath Tagore(49, livro "Travessia")
Mas tu o tomaste em tuas mãos.
Eu buscava alegria e apenas colhi tristezas;
Mas a tristeza que me enviaste tornou-se alegria em minha vida
Os meus desejos se espalharam em mil pedaços;
Mas tu os recolheste e os reuniste em teu amor.
E enquanto eu vagava de porta em porta,
Cada passo meu estava me conduzindo ao teu portal.
Rabindranath Tagore(49, livro "Travessia")
quinta-feira, agosto 03, 2006
Por que?
Por que? Por que fazes assim?
Por que?
Por que escolhestes a mim
Para viver a comédia do dia?
Por que?
Por que entre tantos seres fortes,
Entre tantos seres dispostos a jogar
Seu jogo sórdido, escolhestes a mim?
Por que?
Indagações, indagações, indagações...
Patrícia Prado
Por que?
Por que escolhestes a mim
Para viver a comédia do dia?
Por que?
Por que entre tantos seres fortes,
Entre tantos seres dispostos a jogar
Seu jogo sórdido, escolhestes a mim?
Por que?
Indagações, indagações, indagações...
Patrícia Prado
Ode a dor
A carne dilacerada
Grita pelo sangue perdido
No eterno combate
A dor.
Envolto nas mortalhas
Que a saudade teceu
Meu coração geme
A dor.
Dor pelo que foi.
Dor pelo que não foi.
Dor. Eterna dor.
E, em busca de explicações plausíveis
A razão faz seu discurso
A dor. Eterna dor.
Patrícia Prado
Grita pelo sangue perdido
No eterno combate
A dor.
Envolto nas mortalhas
Que a saudade teceu
Meu coração geme
A dor.
Dor pelo que foi.
Dor pelo que não foi.
Dor. Eterna dor.
E, em busca de explicações plausíveis
A razão faz seu discurso
A dor. Eterna dor.
Patrícia Prado
Espero
Flores, cheiro de morte.
A sinto, a percebo, a desejo.
A mortalha posta sobre a cama;
Entre a penumbra da alma
Se prepara o coração para recebe-la.
A morte. A senhora dos fins.
Eu a quero, eu a desejo, eu preciso...
Preciso morrer para tudo aquilo que me aprisiona.
Preciso matar todo sentimento que rouba a paz.
Preciso da morte. Da ação da morte. Preciso.
E eu a espero. Lívido, sereno.
Como alguém que está prestes a realizar os sonhos eu a espero.
Eu a espero, espero...
Patrícia Prado
A sinto, a percebo, a desejo.
A mortalha posta sobre a cama;
Entre a penumbra da alma
Se prepara o coração para recebe-la.
A morte. A senhora dos fins.
Eu a quero, eu a desejo, eu preciso...
Preciso morrer para tudo aquilo que me aprisiona.
Preciso matar todo sentimento que rouba a paz.
Preciso da morte. Da ação da morte. Preciso.
E eu a espero. Lívido, sereno.
Como alguém que está prestes a realizar os sonhos eu a espero.
Eu a espero, espero...
Patrícia Prado
sexta-feira, julho 21, 2006
Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Fernando Pessoa
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Fernando Pessoa
terça-feira, julho 18, 2006
Andarilho
Vou fugir.
Vou fugir de mim, vou fugir de ti, vou fugir do amor.
Mas, para onde irei eu?
Para as profundezas do mar?
Para as mais altas montanhas?
Para o mais longínquo deserto?
Vou fugir de mim.
Vou voltar para o lugar de onde nunca deveria ter saido.
Voltarei para a masmorra da solidão.
Vou fugir de mim.
Vou fugir de ti.
Vou fugir do amor, do amor.
Patrícia Prado
Vou fugir de mim, vou fugir de ti, vou fugir do amor.
Mas, para onde irei eu?
Para as profundezas do mar?
Para as mais altas montanhas?
Para o mais longínquo deserto?
Vou fugir de mim.
Vou voltar para o lugar de onde nunca deveria ter saido.
Voltarei para a masmorra da solidão.
Vou fugir de mim.
Vou fugir de ti.
Vou fugir do amor, do amor.
Patrícia Prado
Decisão
Não ofusque a minha luz.
Não apague em mim a vontade de viver.
Não faças isso.
Não prometas o que não podes oferecer,
O que não tens.
Não me pare, sigua o seu caminho.
Não cruze novamente o meu, vá.
Se vá. Vá...
Patrícia Prado
Não apague em mim a vontade de viver.
Não faças isso.
Não prometas o que não podes oferecer,
O que não tens.
Não me pare, sigua o seu caminho.
Não cruze novamente o meu, vá.
Se vá. Vá...
Patrícia Prado
segunda-feira, julho 17, 2006
Instante
O que acontece nesse instante?
Paro, escrevo,penso.
O que acontece nesse instante?
Em que todo meu ser converge
Para a criação de uma metáfora
Que tem rima e som
Para a transformação das palavras
Em forma em vida.
O que acontece nesse instante?
Mágico, único...
Tão finito quanto o tempo
Para os reles mortais
Que tentam o controlar pelas batidas
Cruéis dos sinos...
O que acontece nesse instante?
Tudo...Nada...
É o que acontece nesse instante
Patrícia Prado
Paro, escrevo,penso.
O que acontece nesse instante?
Em que todo meu ser converge
Para a criação de uma metáfora
Que tem rima e som
Para a transformação das palavras
Em forma em vida.
O que acontece nesse instante?
Mágico, único...
Tão finito quanto o tempo
Para os reles mortais
Que tentam o controlar pelas batidas
Cruéis dos sinos...
O que acontece nesse instante?
Tudo...Nada...
É o que acontece nesse instante
Patrícia Prado
quarta-feira, julho 12, 2006
Mais uma vez...
Mais uma vez aqui.
E o que acontece nesse instante
único, presente, vivente?
Mais uma vez aqui.
Como das outras vezes
Como das inúmeras vezes, aqui.
Até quando?
Perdurará para sempre?
Mais uma vez aqui.
Patrícia Prado
E o que acontece nesse instante
único, presente, vivente?
Mais uma vez aqui.
Como das outras vezes
Como das inúmeras vezes, aqui.
Até quando?
Perdurará para sempre?
Mais uma vez aqui.
Patrícia Prado
sexta-feira, julho 07, 2006
quinta-feira, julho 06, 2006
Odisséia
Por mares e vales sobrevoa meu coração
Como navegador em busca de um destino
Guio-me pelas rotas incertas da indecisão
Um porto procuro onde possa estar, onde possa ficar
Um lugar tranqüilo pretendo encontrar
Para onde vou, ainda não sei
Pois todos os caminhos são certos e incertos ao mesmo tempo
Somente o tempo poderá dizer qual a rota devo seguir
Quando? Quando assim ele o quiser dizer.
Patrícia Prado
Como navegador em busca de um destino
Guio-me pelas rotas incertas da indecisão
Um porto procuro onde possa estar, onde possa ficar
Um lugar tranqüilo pretendo encontrar
Para onde vou, ainda não sei
Pois todos os caminhos são certos e incertos ao mesmo tempo
Somente o tempo poderá dizer qual a rota devo seguir
Quando? Quando assim ele o quiser dizer.
Patrícia Prado
quarta-feira, julho 05, 2006
Tempo inexistente
O tempo presente é o único tempo existente.
O passado já não é e o futuro, uma possibilidade.
Mas se o presente reflete-se no tempo existente
Ele se faz na junção entre passado e futuro
E o que deveria ser acaba não sendo.
O presente se perde no tempo existente
O que é deixa de ser
Nas eternas reminiscências
Lança sorte sobre o que virá
E o que era para ser presente
Tornam-se eternas lembranças
Que fundamentam as causas e efeitos da vida.
Patrícia Prado
O passado já não é e o futuro, uma possibilidade.
Mas se o presente reflete-se no tempo existente
Ele se faz na junção entre passado e futuro
E o que deveria ser acaba não sendo.
O presente se perde no tempo existente
O que é deixa de ser
Nas eternas reminiscências
Lança sorte sobre o que virá
E o que era para ser presente
Tornam-se eternas lembranças
Que fundamentam as causas e efeitos da vida.
Patrícia Prado
quinta-feira, junho 15, 2006
O Silêncio de Deus
Fé
Acredito no sol, mesmo que ele não esteja brilhando;
Acredito no amor, mesmo que não o sinta;
Acredito em Deus, mesmo que Ele esteja em silêncio.
Palavras encontradas em uma cela onde um judeu
se escondeu dos nazistas.
Acredito no amor, mesmo que não o sinta;
Acredito em Deus, mesmo que Ele esteja em silêncio.
Palavras encontradas em uma cela onde um judeu
se escondeu dos nazistas.
Uma declaração de amor a Deus
Se eu te adorar por medo do Inferno,
Queima-me no inferno.
Se eu te adorar pelo paraíso,
Exclua-me do paraíso.
Mas se eu te adorar pelo que Tú és,
Não esconda de mim a Tua face.
Rabia, 800 d.C.
Queima-me no inferno.
Se eu te adorar pelo paraíso,
Exclua-me do paraíso.
Mas se eu te adorar pelo que Tú és,
Não esconda de mim a Tua face.
Rabia, 800 d.C.
sábado, junho 10, 2006
Reflexões
Passamos a vida correndo atrás do amor, e esse parece-nos olhar timidamente pelas frestas da janela.
Peralta criança, sábio senhor, o amor é a fonte da vida é o gerador de alegria o antídoto poderoso contra as desesperanças da vida.
Mas porque ele se encontra as vezes tão ausente? Porque sempre estamos a sua procura?
Não é o amor que está ausente somos nós que não sabemos nos comportar diante dele.
E assim passamos a vida correndo atrás daquilo que está ao nosso lado, dentro de nós. Corremos atrás do que já se fez cativo, atrás do amor.
Patrícia Prado
Janelas
Teus olhos revelam aquilo que teimas esconder
Como estrelas a reluzir em uma noite sem luar
Teus olhos guiam-me pelas sombras de tua alma
E fazem-me encontrar aquilo que não consegues revelar.
Teus olhos o traem.
Cativo a esse sentido não há como revidar
Pois teus olhos me dizem
Aquilo que não consegues negar.
Teus olhos traduzem palavras desconexas
E o que era sem causa
Passa a ter efeito
Bendito sejam teus olhos
Que não deixam permanecer cativo
Teu coração que ama, que sofre
Coração que se esconde atrás de teu olhar.
Patrícia Prado
Como estrelas a reluzir em uma noite sem luar
Teus olhos guiam-me pelas sombras de tua alma
E fazem-me encontrar aquilo que não consegues revelar.
Teus olhos o traem.
Cativo a esse sentido não há como revidar
Pois teus olhos me dizem
Aquilo que não consegues negar.
Teus olhos traduzem palavras desconexas
E o que era sem causa
Passa a ter efeito
Bendito sejam teus olhos
Que não deixam permanecer cativo
Teu coração que ama, que sofre
Coração que se esconde atrás de teu olhar.
Patrícia Prado
sexta-feira, junho 09, 2006
Rendição
Amor é um fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente,
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Luiz Vaz de Camões
Mudam-se os tempos
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Luís Vaz de Camões
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Luís Vaz de Camões
sábado, maio 06, 2006
O tempo que ainda nos resta
O tempo é uma criação macabra
Um controlador cruel
Que a cada batida lembra-nos
Que o fim está mais próximo.
E o que se pode fazer?
Pode-se parar o tempo?
Ou poderia-se prolonga-lo?
O tempo corre contra o tempo
E os desejos vão envelhecendo
E os sonhos vão se perdendo
E o tempo?
Continua assim, senhor das decisões.
Tens ainda tempo?
Para fazer o que sempre quis?
E para fazeres o que queres agora?
Ainda há tempo....
Tempo....
Patrícia Prado
segunda-feira, janeiro 23, 2006
sábado, janeiro 21, 2006
Sobre o amor
O que é o amor? Um sentimento? Uma atração? Uma ação? Ou a junção desses elementos que me leva sempre de encontro ao outro a fim de manifestar-se?
Imortalizado nos poemas, exposto em canções, o amor tem sido um dos temas mais discutidos e menos entendido.
Alguns pensam que o amor é um sentimento, um nobre sentimento para com o outro e nesse pensar perdem-se ao se pedir mais que se dar. Amor é antes de tudo dádiva.
Se quisermos compreender um pouco do sentido do amor precisamos nos remeter a 2000 a.C. No monte do Gólgota a maior expressão do amor foi nos deixada. O Cristo Crucificado revelava-nos o sentido da dádiva: amor é ser dar sem esperar algo em troca.
Imortalizado nos poemas, exposto em canções, o amor tem sido um dos temas mais discutidos e menos entendido.
Alguns pensam que o amor é um sentimento, um nobre sentimento para com o outro e nesse pensar perdem-se ao se pedir mais que se dar. Amor é antes de tudo dádiva.
Se quisermos compreender um pouco do sentido do amor precisamos nos remeter a 2000 a.C. No monte do Gólgota a maior expressão do amor foi nos deixada. O Cristo Crucificado revelava-nos o sentido da dádiva: amor é ser dar sem esperar algo em troca.
Patrícia Prado
Muitos não entendem. Como dar sem receber? Como amar alguém sem tê-lo? Como não possuir e ainda assim ser feliz?
O capitalismo se reflete nas relações. Possuir é o lema; se não tenho não sou feliz. Se não possuo o outro, se não tenho meu objeto de desejo não tenho o amor. O amor é pássaro solitário, não suporta o confinamento.
Se os homens desejam “ter” o amor é preciso aprender suas regras e a primeira delas é deixá-lo ser e para que isso aconteça precisamos nos conhecer e nos aceitar como somos caso contrário estaremos sempre buscando no outro aquilo que julgamos nos faltar. Isso não é amor é transferência de responsabilidade e cada um deve ser responsável por si mesmo.
É preciso voltar-se para si mesmo e descobrir-se como pessoa antes de buscar pelo amor no outro. Jesus disse que devemos amar o próximo como a nos mesmos. Como posso então dizer que amo o outro se nem mesmo amo a mim mesmo? Como posso dizer que aceito o outro como ele é se não me aceito? Como posso desejar viver uma relação saudável se me encontro doente?
Muitos dos problemas de relacionamento poderiam ser resolvidos se os que estão a vivê-los entendessem que amor é antes de tudo uma dádiva e não uma conquista.
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