Tratar como estranho o que é conhecido; tratar como conhecido o que é estranho. A partir da perspectiva teórica da etnografia O Senhor das moscas revela-nos o outro lado do ser humano quando lhe é tirada todo o arcabouço cultural.
Isolados e perdidos 25 jovens da Academia Militar dos EUA encontram-se a mercê da própria sorte.
Em principio tentam-se organizar aos moldes do aprendizado cultural, porém com o passar dos dias percebem que a lei que organiza aquele espaço deve ser outra e assim vêem-se diante do desconhecido.
Tudo é novo e diante desse é preciso dar respostas a fim de sobreviver. Uma luta interna é travada : de um lado o instinto natural humano (Freud provavelmente não usaria esse termo, mas na ausência de um termo mais elucidativo fiquemos com esse para maior compreensão) do outro o comportamento aprendido.
Um filme chocante e que deixa-nos a pensar sobre a verdadeira natureza humana. O que somos sem o controle da cultura? Quais são os sentimentos que permeiam nosso ser? Tais sentimentos são inatos ou adquiridos através do aprendizado cultural?
Além do enredo outro fato chamou-me atenção foi o nome do filme. O nome Beelzebuth, do hebraico traduzido significa senhor das moscas. Na hierarquia ele seria o príncipe dos demônios no pensamento judaico-cristão. Porque será então que o filme leva tal nome?
As atrocidades cometidas por aqueles jovens estariam ligados ao mal, pensaríamos. Somente uma pessoa fora de si, dominada por forças externas poderia em chegar a crueldades e atrocidades como aquelas.
Tal pensamento é formulado a partir de uma ótica de análise ocidental cristã, mas se analisarmos outras comunidades a morte e a crueldade são fatos reais e cotidianos. Quantas mulheres não são mutiladas em paises africanos em nome de uma tradição? Quantas crianças ainda hoje não são entregues em sacrifícios a uma divindade? E se não fosse o bastante, quantas crianças são abandonadas ou abortadas não em nome de uma divindade, mas em nome de um sistema de controle de natalidade como na China?
É estranho aos nossos olhos tais fatos, mas todos os dias somos convidados a trata-los como conhecidos e fazemos muito bem pois a morte já não é mais novidade e nem causa mais repulsa os maus tratos cometidos aos nossos semelhantes.
Não há como assistir a uma obra como essa é ser indiferente. Um espelho é colocado-nos a frente para que possamos ver aquilo que muitas vezes tentamos ocultar: nossa natureza é má mas a cultura pode transforma-la em algo bom, digno de convivência entre os outros.
Assim passamos nossa vida a conviver com sentimentos estranhos em nós que sempre estão a querer romper as quais acabamos nos acostumando e passando a trata-los como conhecidos quando na verdade é tão estanho quanto nos mesmos. O verdadeiro Self, alguém o conhece?
Isolados e perdidos 25 jovens da Academia Militar dos EUA encontram-se a mercê da própria sorte.
Em principio tentam-se organizar aos moldes do aprendizado cultural, porém com o passar dos dias percebem que a lei que organiza aquele espaço deve ser outra e assim vêem-se diante do desconhecido.
Tudo é novo e diante desse é preciso dar respostas a fim de sobreviver. Uma luta interna é travada : de um lado o instinto natural humano (Freud provavelmente não usaria esse termo, mas na ausência de um termo mais elucidativo fiquemos com esse para maior compreensão) do outro o comportamento aprendido.
Um filme chocante e que deixa-nos a pensar sobre a verdadeira natureza humana. O que somos sem o controle da cultura? Quais são os sentimentos que permeiam nosso ser? Tais sentimentos são inatos ou adquiridos através do aprendizado cultural?
Além do enredo outro fato chamou-me atenção foi o nome do filme. O nome Beelzebuth, do hebraico traduzido significa senhor das moscas. Na hierarquia ele seria o príncipe dos demônios no pensamento judaico-cristão. Porque será então que o filme leva tal nome?
As atrocidades cometidas por aqueles jovens estariam ligados ao mal, pensaríamos. Somente uma pessoa fora de si, dominada por forças externas poderia em chegar a crueldades e atrocidades como aquelas.
Tal pensamento é formulado a partir de uma ótica de análise ocidental cristã, mas se analisarmos outras comunidades a morte e a crueldade são fatos reais e cotidianos. Quantas mulheres não são mutiladas em paises africanos em nome de uma tradição? Quantas crianças ainda hoje não são entregues em sacrifícios a uma divindade? E se não fosse o bastante, quantas crianças são abandonadas ou abortadas não em nome de uma divindade, mas em nome de um sistema de controle de natalidade como na China?
É estranho aos nossos olhos tais fatos, mas todos os dias somos convidados a trata-los como conhecidos e fazemos muito bem pois a morte já não é mais novidade e nem causa mais repulsa os maus tratos cometidos aos nossos semelhantes.
Não há como assistir a uma obra como essa é ser indiferente. Um espelho é colocado-nos a frente para que possamos ver aquilo que muitas vezes tentamos ocultar: nossa natureza é má mas a cultura pode transforma-la em algo bom, digno de convivência entre os outros.
Assim passamos nossa vida a conviver com sentimentos estranhos em nós que sempre estão a querer romper as quais acabamos nos acostumando e passando a trata-los como conhecidos quando na verdade é tão estanho quanto nos mesmos. O verdadeiro Self, alguém o conhece?
Patrícia Prado
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