quinta-feira, setembro 09, 2010

Você me toca...


O seu mais leve olhar
Vai me fazer
Facilmente desabrochar,
Apesar deu ter me fechado
como punho cerrado.
Você me abre sempre pétala por pétala
Como a primavera abre
Tocando de leve
Misteriosamente
Sua primeira rosa.


E.E. Cummings

4 comentários:

Anônimo disse...

Bom, este texto, como vc orientou, nao é de sua autoria, mas considerando com os outros, bem que se encaixam com suas palavras... Percebo um personagem neste enredo de sentimentos.

Anônimo disse...

Esse é um poema de E.E. Cummings.Seu nome é "Nalgum lugar". A primeira vez que o ouvi foi na voz de Zeca Baleiro. Apaixonei-me por essa poesia. É talvez a minha preferia. Indentifico-me com esses versos. Há personagens: o que toca o que recebe o toque.Eis a obra completa:

nalgum lugar em que eu nunca estive,alegremente além
de qualquer experiência,teus olhos têm o seu silêncio:
no teu gesto mais frágil há coisas que me encerram,
ou que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto

teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra
embora eu tenha me fechado como dedos,nalgum lugar
me abres sempre pétala por pétala como a Primavera abre
(tocando sutilmente,misteriosamente)a sua primeira rosa

ou se quiseres me ver fechado,eu e
minha vida nos fecharemos belamente,de repente,
assim como o coração desta flor imagina
a neve cuidadosamente descendo em toda a parte;

nada que eu possa perceber neste universo iguala
o poder de tua imensa fragilidade:cuja textura
compele-me com a cor de seus continentes,
restituindo a morte e o sempre cada vez que respira

(não sei dizer o que há em ti que fecha
e abre;só uma parte de mim compreende que a
voz dos teus olhos é mais profunda que todas as rosas)
ninguém, nem mesmo a chuva,tem mãos tão pequenas


Patrícia

Anônimo disse...

Maravilhoso. E fico em uma pergunta. Ate quando esperaremos? Ate quando vale a pena viver na adolescência da paixão, será que nunca vira a ser um amor adulto?

Anônimo disse...

Penso que, no caso do amor, o amadurecer deve ser um processo mútuo. Não há possibilidade de se vivenciar um amor sendo uma parte a parte.É preciso que o outro sinalize o desejo de se fazer presente, de construir história, de amadurecer também.
Logos e Eros duelam. Logos não compreende Eros. Eros não compreende Logos. Logos pensa. Eros sente. Eles não compreendem a linguagem um do outro então viverão a duelar até que o cansaço tome lugar do desejo e traga a ausência como resposta ao combate.
Triste fim de duas ações essenciais ao amadurecer.

Patrícia