segunda-feira, dezembro 31, 2007

Enfim... O fim

31 de dezembro de 2007.

Mais um ano se finda. As batidas aceleradas do relógio parecem gladiar com a indolência de um coração que precisa planejar, se encontrar.
As pessoas correm de um lado para o outro se apressando para a chegada de mais um ano. As roupas coloridas de negro darão lugar nessa noite ao branco da paz, da esperança, e quem sabe do amor (alguns acham que a cor do amor é vermelho mas eu acredito que seja o branco, é preciso paz para se viver o amor...)
Como se espera a chegada de uma criança, assim os homens se preparam para um novo ano. Tempo de renovação, de novos planos, de fé. Quando os ponteiros se encontrarem hoje será o ressoar de um novo tempo. Ah se tudo fosse tão fácil e simples assim! Se fosse possível lançar sobre o mar todas as lágrimas que foram derramadas, todos os amores mal resolvidos, todas as discordias... Se fosse possível apenas trocar a maquiagem para que tudo ficasse lindo novamente! Trocar mudar as roupas e mudar o tudo! Bem, sabemos que a vida é muita mais complicada e que o pó de piripimpim só existe nas histórias de Monteiro Lobato.
Talvez nem todos encontraram um coelho que lhe direcionasse o caminho nesse ano como Alice, mas certamente descobrimos que quando não se sabe para onde ir qualquer caminho serve, é triste mas é fato.
As vezes é preciso decidir : a pílula azul ou a vermelha? joguemos os búzios quando a dúvida chegar ou se preferir o Urim e o Tumim, para alguns ainda é válido. Mas lembre-se: se o ditado é certo, se tiveres sorte nas jogadas, certamente não terás sorte no amor. Então, o que escolherás? Deixemos de racionalidade matemática e voltemos a idéia do Segredo.
Como o tempo é de renovação entremos nessa esperança de que amanhã será melhor porque se existe uma coisa que brasileiro tem de sobra é E S P E R A N Ç A.
Esperemos então, dias melhores, amores maiores, paz, e porque não fortuna!
2007 já está findando a ele dediquemos nossos agradecimentos e votos de paz.
FELIZ 2008 Pra mim, FELIZ 2008 pra nós todos!

Deus nos abençõe com paz...
Patrícia Prado

quinta-feira, dezembro 27, 2007

Alguma coisa em comum

Não adianta esperar atitude de quem não tem
Não é ele quem vai estar lá quando você precisar
Não adianta esperar pelo trem que já passou
Um dia eu páro você, vou te fazer enxergar

Abrir seus olhos e fazer você enxergar quem eu sou
Abrir seus olhos pra você gostar de mim como eu sou

Acorda pra ver que eu só te quero bem
Deixa a chuva te avisar que o sol vai brilhar pra você
Eu pude contemplar sua beleza enquanto você sorria
Eu que não sabia que o amor era simples e pleno

Abrir seus olhos e fazer você enxergar quem eu sou
Abrir seus olhos pra você gostar de mim como eu sou

Fico feliz de estar vivendo e aprendendo
Então deixa a chuva te avisar que o sol vai brilhar pra você



Abrir seus olhos - Charlie Brown Júnior

segunda-feira, dezembro 24, 2007

Timidez


Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...

- mas só esse eu não farei.

Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes...

- palavra que não direi.

Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,

- que amargamente inventei.

E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...

e um dia me acabarei.

Cecília Meireles

Por não estarem distraídos


Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que, por admiração, se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.
Clarice Lispector

See Who I Am


É verdade o que dizem?
Estamos muito cegos para encontrar um caminho?
Medo do desconhecido
Perturbando nossos corações hoje
Venha para o meu mundo
Veja além dos meus olhos
Tente entender
Não quero perder o que temos
Estivemos sonhando
Por quem não pode negar
É a melhor forma de se viver
Entre a verdade e as mentiras

Veja quem eu sou
Atravesse a superfície
Aproxime sua mão da minha
E grite bem alto que nós conseguimos
Liberte sua mente e encontre um caminho
O mundo está em nossas mãos
Isso não é o fim

O medo está enfraquecendo a alma
Em um ponto sem volta
Precisamos ser a mudança que queremos ver
Irei em seu mundo
Verei além de seus olhos
Tentarei entender
Antes de perdermos o que temos
Não podemos simplesmente parar de acreditar
Porque nós temos que tentar
Podemos nos elevar além da verdade e das mentira

Ouça o silêncio
Estenda sua mão para a minha culpa
Nossa força permanecerá?
Se o poder elevar-se
Isso não é o fim

Within Temptation

quinta-feira, dezembro 13, 2007

Amor é síntese

Por favor, não me analise
Não fique procurando cada ponto fraco meu.
Se ninguém resiste a uma análise profunda,
Quanto mais eu...

Ciumento, exigente, inseguro, carente
Todo cheio de marcas que a vida deixou
Vejo em cada grito de exigência
Um pedido de carência, um pedido de amor.

Amor é síntese
É uma integração de dados
Não há que tirar nem pôr
Não me corte em fatias
Ninguém consegue abraçar um pedaço
Me envolva todo em seus braços
E eu serei o perfeito amor.

Mário Quintana

segunda-feira, novembro 12, 2007

Rascunhos

Recomeçar. A vida chama a essa ação.
Não há nada mais a fazer do que recomeçar.
As velhas roupas amareladas no armário
O cheiro de mofo...
A vida passada a limpo.

Uma nova história a ser escrita, um novo enredo.
Nada como outrora, nada.
Novos personagens, novo cenário, nova platéia.

A incerteza do talvez dá lugar a expectativa de dias melhores
Melhores do que o até então vivido
Mais alegres, mais floridos.
Uma nova chance para ser feliz.

Patrícia Prado

Tocando em frente


Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei
Ou nada sei

Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir

Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando dias pela longa estrada eu vou
Estrada eu sou

Todo mundo ama um dia todo mundo chora,
Um dia a gente chega, no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz

Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Cada um de nós compõe a sua história,
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz...

Almir Sater

sexta-feira, outubro 12, 2007


Vejo pombos no asfalto
eles sabem voar alto
mas insistem em catar as migalhas do chão...
Somente o que corre riscos é livre.


Zeca Baleiro e Sêneca

De forma dolorosa tenho aprendido que esperar nem sempre vale a pena. Eu esperei e o que recebi pela espera?

A vida é tão fugaz e criamos tantas grades de proteção que na verdade não nos protege de nada mas impede-nos de viver a vida.

Magoar e ser magoado é inevitável quando se está a viver. Somente os mortos não sofrem as afrontas, somente os que adormecem não vêem, não sentem o desprezo. E se a vida é assim, porque esperamos? Pelo que esperamos se o convite que ela nos faz é para sairmos de nossa caverna e ir de encontro a luz?

É assim que eu me sinto...

Quando eu me perco é quando eu te encontro
Quando eu me solto seus olhos me vêem
Quando eu me iludo é quando eu te esqueço
Quando eu te tenho eu me sinto tão bem

Você me fez sentir de novo o que eu
Já não me importava mais
Você me faz tão bem
Você me faz, você me faz tão bem

Quando eu te invado de silêncio
Você conforta a minha dor com atenção
E quando eu durmo no seu colo
Você me faz sentir de novo
O que eu já não sentia mais

Você me faz tão bem
Você me faz, você me faz tão bem
Você me faz, você me faz tão bem
Você me faz, você me faz tão bem

Não tenha medo
Não tenha medo desse amor
Não faz sentido
Não faz sentido não mudarEsse amor

Você me faz, você me faz tão bem
Você me faz, você me faz tão bem
Você me faz, você me faz tão bem
Você me faz, você me faz tão bem

De Tico Sta Cruz interpretada por Detonautas Você me faz tão bem

quarta-feira, outubro 10, 2007

Revelar...REVELE-SE



Para onde estamos indo?
Entramos. O jogo começou.
As cartas postas na mesa. O lance.

Olho em seus olhos e eles revelam a escuridão.
De quem se esconde? De mim?
Oh não! Não faça isso, temos pouco tempo...

O tempo. Ouça o tempo. Ele silencia nossa voz.
Sinta o tempo. Feche os olhos. Segure minhas mãos
E eu o levarei a terras distantes onde tudo é possível
Onde o amor é possível
Apenas deixe-se. Deixe-se.

Patrícia Prado

quinta-feira, setembro 13, 2007

Visto-me de Saudade

Visto-me de saudade
Para receber a solidão.
Com ela vem a dor
Do não vivido.
Conversamos.

Sentados
De frente ao mar da ilusão
Tecemos considerações
Mas nenhuma delas traz de volta
A possibilidade do que se foi.

Visto-me de saudade
Recebo a solidão...

Patrícia Prado

quarta-feira, setembro 12, 2007

Conselhos que deve-se levar pela vida

"Não importa onde você parou...em que momento da vida você cansou...o que importa é que sempre é possível enecessário recomeçar".Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo...é renovar as esperanças na vida e o mais importante...acreditar em você de novo.Sofreu muito nesse período?foi aprendizado...Chorou muito?foi limpeza da alma...Ficou com raiva das pessoas?foi para perdoá-las um dia...Sentiu-se só por diversas vezes?é por que fechaste a porta até para os anjos...Acreditou que tudo estava perdido?era o início da tua melhora...Pois agora é hora de iniciar...de pensar na luz...de encontrar prazer nas coisas simples de novo.Que tal :Um corte de cabelo arrojado...diferente?Um novo curso...ou aquele velho desejode aprender a pintar...desenhar...dominar o computador...ou qualquer outra coisa...Olha quanto desafio...quanta coisa novanesse mundão de meu Deus te esperando.Tá se sentindo sozinho?besteira...tem tanta gente que você afastoucom o seu "período de isolamento"...tem tanta gente esperando apenas um sorrisoteu para "chegar" perto de você.Quando nos trancamos na tristeza...nem nós mesmos nos suportamos...ficamos horríveis...o mal humor vai comendo nosso fígado...até a boca fica amarga.Recomeçar...hoje é um bom dia paracomeçar novos desafios.Onde você quer chegar? ir alto...sonhe alto... queira o melhordo melhor...queira coisas boas para a vida...pensando assimtrazemos pránós aquilo que desejamos...se pensamos pequeno...coisas pequenasteremos...já se desejarmos fortemente o melhore principalmente lutarmospelo melhor...o melhor vai se instalar na nossa vida.E é hoje o dia da faxina mental...joga fora tudo que te prende ao passado...ao mundinho de coisas tristes...fotos...peças de roupa,papel de bala...ingressos de cinemabilhetes de viagens... e toda aquelatranqueira que guardamos quando nosjulgamos apaixonados...jogue tudo fora... mas principalmente...esvazie seu coração...fique pronto para a vida...para um novo amor...Lembre-se somos apaixonáveis...somos sempre capazes de amarmuitas e muitas vezes... afinal de contas...Nós somos o "Amor"...Porque sou do tamanho daquilo que vejo,e não do tamanho da minha altura."
Carlos Drummond Andrade e Paulo Roberto Gaefke

Acordar, viver

Como acordar sem sofrimento?
Recomeçar sem horror?
O sono transportou-me
àquele reino onde não existe vida
e eu quedo inerte sem paixão.

Como repetir, dia seguinte após dia seguinte,
a fábula inconclusa,
suportar a semelhança das coisas ásperas
de amanhã com as coisas ásperas de hoje?

Como proteger-me das feridas
que rasga em mim o acontecimento,
qualquer acontecimento
que lembra a Terra e sua púrpurademente?
E mais aquela ferida que me inflijo
a cada hora, algozdo inocente que não sou?

Ninguém responde, a vida é pétrea.

Carlos Drummond de Andrade

A um ausente

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescênciade
viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu,
enlouquecendo nossas horas

.Que poderias ter feito de mais grave do que o ato sem continuação, o ato em si
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.

Carlos Drummond de Andrade

sábado, setembro 01, 2007

Nos últimos dias...

Ando tão à flor da pele que qualquer beijo de novela me faz chorar
Ando tão à flor da pele que teu olhar pela janela me faz morrer
Ando tão à flor da pele que meu desejo se confunde com a vontade de não ser
Ando tão à flor da pele que a minha pele tem o fogo do juízo final

Um barco sem porto sem rumo, sem vela
Cavalo sem sela
Um bicho solto
Um cão sem dono
Um menino bandido

Às vezes me preservo outras suicido
Às vezes me preservo noutras suicido

oh sim, eu estou tão cansado
Mas não prá dizer
Que eu não acredito mais em você

Eu não preciso de muito dinheiro graças a Deus
Mas vou tomar aquele velho navio
Aquele velho navio
Aquele velho navio...

Um barco sem rumo, sem porto, sem vela
Cavalo sem sela um bicho solto,
Um cão sem dono,
Um menino bandido
As vezes me preservo noutras suícido

Flor da Pele - Zeca Baleiro

segunda-feira, agosto 27, 2007

O que restou de mim

Segunda-feira, 27 de agosto de 2007. Uma data a mais no calendário que teimosamente eu risco religiosamente todos os dias. Conto os dias mas de uma maneira diferente: não espero nada ao fim deles, conto-os por contar.
O tempo que se foi é apenas um marco, não quero que seja uma marca, não posso permitir. Vazio... Vazio... Vazio...
Converso com amigos. Eles sofrem. Sofrem por amor, sofrem pelo não amor, sofrem... Sua dor se junta a centenas, milhares por que não dizer bilhões de pessoas nesse imenso território chamado planeta Terra que sofre pelo sentimento mais banalizado: o amor. Lennon, já nos havia alertado que tudo que o mundo precisava era de amor; e eu e você, não precisamos também disso?
Olho para os seres. Corpos ocos, mentes vazias, zumbis... e eu a fazer parte dessa grande massa de homens e mulheres que não tem mais tempo para ouvir, para me ouvir... eu também não tenho tempo para ouvir, eu não quero ouvir...
Silêncio... dentro desse coração silêncio. Silêncio que é quebrado pela fúria da razão que teima em tirar-me do calabouço ao qual deixe-me ser levada. Quero mas não consigo, não sei sair...
A loucura veste-se de sanidade e aparenta a normalidade. Hipocrisia. Somos todos hipócritas. Ninguém vê? Ninguém percebe? Ninguém me percebe? Estou farta, estou cansada, estou faminta, estou morrendo. Eu morri. Para os sonhos, para o tempo.... e o que restou desta luta trágica? Nada, absolutamente nada. Nem pó, nem cinzas. Não restou nada...

quinta-feira, agosto 23, 2007

Universidade, lugar de todos?

Vem vamos embora que esperar não é saber, quem sabe faz a hora não espera acontecer... Quem nunca ouviu esse refrão? Quem não cantarolou essa frase algum dia? Esse foi um dos hinos de uma geração que lutou bravamente contra a incoerência, contra a mentira de um país que sempre pregou a democracia. Hoje, esse mesmo hino eclode na mídia anunciando uma nova era onde a democracia se faz ver através da educação. Novamente essa será a canção de muitos. Mas os que irão cantar sabem o porque cantam? Dizem por aí que quem canta os males espanta, mas nesse caso será preciso mais que uma bela canção para espantar o mal que está por vir. Ao mencionar essa canção, faço menção do Pro-Uni. Uma proposta do governo para inserir a grande massa nas Universidades Privadas. Uma boa estratégia? Talvez, mas não sejamos de todos pessimistas. Tudo na vida é relativo e não seria diferente nessa questão. Existem os que defendem tal ação como forma de dar oportunidade aqueles que não foram afortunados pela vida e não tiveram uma base educacional que os ajudasse a concorrer com as “Patrícinhas” e “Mauricinhos” da vida. Assim, o governo dá uma mãozinha pró povão e o povão dá uma mãozinha pró governo e é claro para a nação pois a educação é a grande mola propulsora do progresso! Outros já são contrários e dizem que tal ação favorecerá apenas os empresários que estão cheios de cheques sem fundo e uma lista de nomes pronta para o SPC. Favorável ou contra a pergunta que fica hoje é: os que estão a entrar com o aval do governo sabem os que o esperam? Será que a Universidade é um lugar onde o saber se desenvolve sem discriminação, onde todos somos irmãos, mauricinhos, patrícinhas e tatis da vida andam juntos em busca do saber a fim de que nosso país tenha a ordem e o progresso que tanto almejaram os positivistas? Pois bem, que abram as portas das Universidades, que entre o povo, mas que todos saibam que a discriminação se apresenta na fala dos mestres e como um sino que soa faz com que suas badaladas ecoem sobre todos criando um exercito que empunha o preconceito como a arma de seu combate. Negros na Universidade? Deficientes? Escola pública? Cota? Que gente é essa que entra pelos portões da GRANDE ACADEMIA e divide os bancos com aqueles que (não sei porque) tem o direito a estarem aqui? Que gente é essa que “rouba” parte das vagas nas GRANDES INSTITUIÇÕES PÚBLICAS? Que gente é essa que não consegue pensar, mas está aqui entre nós, as GRANDES MENTES PENSANTES? Que gente é essa que sai dos guetos e traz um novo som que tenta se afinar com o dos GRANDES MESTRES POSITIVISTAS? Que gente é essa que quer ser gente, mas não consegue pensar como gente GRANDE e por isso faz com que nosso ensino caia? Esse tem sido o discurso de muita gente grande nas Universidades Públicas sobre os cotistas. E o que dirão dos Pró Uni da vida? Esse é apenas um pequeno ensaio de uma discussão que deve continuar. E enquanto nos preparamos, vamos caminhar e cantar pois a morte é certa e o futuro só a Deus pertence! Quem sabe faz a hora, não espera acontecer. Papalagui Honestino um integrante dessa gente.

Texto redigido por Patrícia Prado em dezembro 2005 como manifesto há discriminação sofrida pelos cotistas em uma Universidade Pública de Minas.

terça-feira, agosto 21, 2007

Um passeio pelo Mercado Central

Uma mistura de cores e cheiros recebe-nos. Vozes que se misturam a sons diversos. Pessoas se cruzam, outras se encontram. Essa é a imagem que se forma ao entrar no Mercado Central.
Criado em 07 de setembro de 1929 pelo então prefeito Cristiano Machado, o Mercado Central é um dos pontos turísticos de Belo Horizonte e traz ao visitante a sensação de estar em um cantinho qualquer do interior de Minas.
Apesar de suas miscelâneas de opções, desde animais até vinhos finos, o Mercado permite-nos esquecer o barulho dos carros, a fumaça da cidade, os arranha-céus que nos cerca e nos faz sentir o jeitinho mineiro simples de ser.
Um bom exemplo são os bares. Sem mesas ou cadeiras, os “bares” mais freqüentados são pequenos corredores onde pessoas se apertam a fim de encontrar um espaço junto ao “balcão”. Os atendentes “convidam” as pessoas aos gritos: “ai amigo, uma geladinha?” e assim mais um cliente é conquistado.
Além de flores, objetos, comidas entre outras coisas, o Mercado Central possui também uma capela construída em 1974 para abrigar uma imagem de Nossa Senhora de Fátima, doação de uma comerciante de frutas que alcançou uma graça.
Esse lugar exótico onde o sagrado convive pacificamente com o “profano” aprendemos a enxergar o mundo com as lentes da simplicidade.
Visitar o Mercado Central é permitir-se encontrar com a história e a cultura de Minas. É vivenciar sensações que o mundo moderno muitas vezes nos rouba. Aprender a aprender. Aprender viver.

Patrícia Prado

segunda-feira, agosto 06, 2007

Um pouco de Antropologia nas Lentes da Sétima Arte

V. de Vingança
A mídia como aparelho de reprodução da cultura dominante é um dos pontos a se destacar no filme V. de Vingança.
No enredo, a potencia mundial não é mais EUA e sim a Inglaterra e essa tem na figura do Chanceler seu chefe de Estado.
Esse governa e controla todas as atitudes dos cidadãos. As emissoras de Tvs reproduzem o que o Estado acha conveniente, ele é a lei e seu guardião.
Em busca de uma vingança plantada há 20 anos V retorna das “cinzas” e começa a eliminação daqueles que outrora foram seus algozes.
Nessa busca ele encontra Evey e ambos descobriram verdades ate então desconhecida. V. descobre o amor e Evey a libertação do medo.
Além da morte de seus carrascos V. tem outro objetivo: libertar seus compatriotas das algemas que os prendem as idéias de um Estado opressor e manipulador. Para isso ele utiliza da mídia, a mesma arma de seu opositor.
Mais que uma ficção, V. de Vingança retrata o poder que a mídia tem sobre as pessoas. As informações que dela surge tem um tom de verdade e sobre elas a sociedade programa sua vida.
Um aparelho que reproduz a cultura, um forte dominador. Utilizando-se da linguagem e da imagem a mídia cria hábitos estabelecendo padrões de conduta. E quem dita esses padrões? A cultura dominante.
Assim um fantasmático vai surgindo em detrimento do epseidico. Loucura? Não realidade. Somos produtos de uma sociedade que baseia seus pressupostos morais nas leis do capital. Somos filhos do capital, e nosso preço oscila conforme a utilidade de cada um para o Estado.
Vendidos somos. Como filhos bastardos somos tratados por esse Estado que figura como um pai mas age como um carrasco. Traídos, somos entregues a nossa própria sorte ou a sua escolha.
Estrutura-se assim os fundamentos da cultura e uma legião de alienados são comandados por ela.
Ao final do filme o herói-bandido morre, mas deixa algo: as idéias. Mas idéias são mais importante que pessoas? As idéias são tão poderosas quanto os aparelhos reprodutores do Estado?. Estaríamos dispostos a morrer pela verdade ou a ignorância ainda é uma maneira mais segura de sobreviver? O Estado não aceita concorrência, eis a questão.
Patrícia Prado

The Matrix

Um filme que a todo momento faz alusão a textos sagrados, assim é Matrix. No enredo que traz a visão do futuro próximo e do controle das máquinas sobre os humanos a ficção busca na realidade subsídios para a construção do problema.
Neo, o Messias aguardado por alguns que acreditam na profecia de um oráculo possui o arquétipo de um avatar.
No primeiro momento não entende o propósito de sua vida mas o encontro com Morpheus abre-lhe a visão e esse prepara-lhe o caminho, como João preparou o de Jesus.
Rico em detalhes, Matrix é a reflexão do mundo e da manipulação dos sistemas vigentes sobre os homens.
De um lado temos alguns que conseguem ver além do que os olhos podem enxergar, conseguem ver a Matrix um sistema de controle das mentes e que tem como guardiões homens que se baseiam em regras.
Mas se a força dos guardiões está nas regras e nela também reside sua fraqueza.
Viver sobre um mundo de regras é viver sobre o domínio de um sistema e isso significa que não somos apenas nos tornamos aquilo que o sistema deseja. O sistema não pode dizer quem somos mas pode dizer quem ele quer que sejamos.
A cultura tem esse poder. Ela molda-nos segundo o seu habitus e como espelhos refletimos sua ética. Somos reflexos da nossa cultura.
Complexo e perturbador pensar na escravização do pensamento pela cultura parece-nos algo impróprio e pior sem resposta. Mas quando os olhos começam a doer é porque estamos começando a utiliza-los em toda a sua potencialidade, conforme diz Morpheu a Neo.
A liberdade é algo particular de cada ser, cabe-nos apenas mostrar a porta, abrir ou não é uma escolha particular.
Pensando nisso podemos inferir que estar submerso na ignorância é talvez uma maneira mais segura e confortável de se viver. Uma vez que os olhos se abrem não há como retroceder e a responsabilidade com a verdade chamam-nos a cena.
Para esses “escolhidos” pela verdade existem apenas um caminho: a morte. Deixar as coisas velhas, os pensamentos mortos e ressurgir e a ressurreição só acontece onde há amor.
Cristo foi morto e ressuscitou porque o amor venceu a morte, Neo perde a vida, mas o amor de Trinity o resgata das sombras da morte.
A esperança da humanidade está no amor. Se os homens entenderam isso seremos livres, livres das emoções frívolas, livres dos desejos que nos aprisionam, livres do interesse que manipula e escraviza vidas.
Quando isso acontecer deixaremos de ser máquinas para nos tornarmos verdadeiramente humanos.
Patrícia Prado

The Matrix Revolution

Segundo os estudos da biologia o cérebro é uma grande rede onde as conexões são feitas entre os neurônios.
Para os defensores da teoria conexionista o senso da realidade depende dos objetos da cultura. São eles que fazem a conexão entre o mundo real e o virtual ou não real.
Nada existiria sem os objetos. Algo somente tem significado quando é apresentado e nomeado. A linguagem é outra ferramenta de conexão.
Em Matrix Revolution, Neo encontra-se preso entre o mundo real e o virtual, entre a realidade e a Matrix. Sua mente não consegue compreender essa dualidade e para libertar-se precisa da ajuda de outros.
Ninguém enxerga além de uma escolha que não entende diz o oráculo. As escolhas dos objetos é que nos direciona e nos conecta aquilo que queremos.
As ofertas são inúmeras mas somente o que é significativo passa a ser real e as vezes é preciso a escuridão para ver o que seja real.
Em um momento do filme Neo fica cego. Seus olhos são feridos e ele perde a visão. Com a ajuda de Trinity Neo é guiado até as cidades das máquinas a fim de cumprir seu destino, o propósito para o qual fora escolhido.
Nesse momento as imagens da realidade surgem a sua frente. Com os olhos feridos ele vê o real.
Temos muitas vezes a falsa ilusão de que o que enxergamos é a realidade e a cultura tem um papel preponderante nessa percepção. Acostumados com essa visão da realidade não se cogita a possibilidade de uma nova perspectiva.
Treinados nossos neurônios se conectam a imagens pré-estabelecidas. Nada é inato tudo é forjado, preparado para a construção de mais uma mente igual a tantas outras. Mas um fio de esperança: não somos de todo programados, não somos máquinas (por mais que os conexionistas digam que sim), somos antes de tudo seres pensantes e essa característica leva-nos ao questionamento de certos habitus, de certos ethos, de certos normas morais.
Patrícia Prado

The Matrix Reloaded

O homem que possui a chave que leva a Matrix é prisioneiro. Intrigante metáfora. Quantas vezes possuímos as chaves, mas não podemos utiliza-las? Quantas vezes sabemos o caminho, mas não conseguimos percorre-lo?
Em Matrix Reloaded algumas frases são verdadeiras chaves que nos serve de respostas para algumas indagações. Uma delas diz respeito as escolhas: escolhas são ilusões, construídas pelos que tem poder e os que não tem. Porque no fundo não temos controle de nossas emoções.
Controlados por outros. Nossas vidas, nossas emoções, nossos desejos. Como ser somos nossas escolhas futuras já estão pré-determinadas pelas regras morais da cultura. Somos respostas dessas regras e damos continuidade a elas.
Assim umas massas de iguais vão surgindo. Mesma forma, mesma aparência, mesmos desejos. Escravos da causalidade todos estão à espera de um milagre e esse milagre são os eventuais que surgem. A eventualidade da vida leva-nos a uma tomada de atitude e essa escolha muda o destino, transforma-nos de pessoas normais a escolhidos.
Tudo é ilusão e é através da linguagem que a ilusão toma forma de verdade, de real.
Um programa perfeito: alguém cria as ilusões e as passa a uma massa de alienados porém uma anomalia pode comprometer o perfeito funcionamento do sistema: o amor.
Em Matrix o amor de Trinity o faz ressurgir em Reloaded é a vez de Neo provar seu amor. Entre salvar Zion e milhares de pessoas e Trinity Neo escolhe a segunda opção. A escolha. O problema da anomalia está na escolha.
Patrícia Prado

A Dança dos Cabelos




A seguir uma linda história escrita por um grande amigo. Seu nome? Ramos ou para os mais íntimos Tierro ou se preferir simplesmente David.


Um sábio Pajé fez uma revisão na língua dos índios.
— Nossa língua tem muitas palavras desnecessárias, ele disse.
— Vamos apagar o “olá” pois nos vemos todos os dias...
— O “talvez” também temos que tirar pois quando estamos juntos não devemos ter dúvidas...vejamos, ele disse pensativo; também o “adeus” temos que esquecer, pois aqueles que se gostam não devem se separar. E assim fez o Pajé, limpou o dicionário das palavras indesejadas na esperança que a população da tribo se tornasse mais feliz do que era.

Mas o tempo foi passando e ao contrário do que o Pajé imaginava, as pessoas foram ficando cada vez mais velhas e tristes. O que está acontecendo, ele pensou, todos deveríamos ficar felizes ao tirar de nosso convívio palavras que não nos são agradáveis, que nos remetem a sentimentos que nos afastam. Foi quando o grande Deus do Tempo se abraçou aos cabelos do Pajé e segredou-lhe;
— O ser humanos é um vulcão, mas ao invés de fogo, quando se ergue ele profere, ele diz, ele fala. Todas as palavras são úteis, e quanto mais se sente, mais força as palavras devem ter. Inventem palavras pois não tem limite a quantidade de sentimentos que a humanidade pode guardar, pode sentir...


Com toda certeza, foi um sentimento muito forte que fez com que criassem a palavra Saudade. Sentimento tão forte que vários idiomas ainda não tem uma palavra correspondente ao que sentimos quando estamos distante de uma pessoa querida. Devemos a palavra “Saudade” aos portugueses, que se lançavam ao mar em busca de novas terras e que traziam no coração a ausência dos queridos. Você também está prestes a sair de nosso convívio, não por vontade ou motivos, mas por capricho, capricho do mesmo Deus do Tempo que nos pôs a inventar palavras. Mas tenha a certeza, gostamos muito de você e estamos já aprendendo novos sentidos para a palavra saudade, assim como descobrindo novidades na palavra amizade!
Tenha força e coragem onde quer que vá.

terça-feira, julho 24, 2007

O processo

O que sou?
Sou o resultado das experiências permitidas.
As marcas que carrego revelam a história.
Eis o preço de se permitir, de se viver, de querer SER.

Patrícia Prado

terça-feira, julho 17, 2007

Because Your love I live, I live

When the darkness fills my senses
When my blindness keeps me from
Your touch Jesus, come
When my burden keeps me doubting
When my memories
Take the place of You Jesus, come
And I'll follow You there
To the place where we meet
And I'll lay down my pride
As you search me again
Your unfailing love
Your unfailing love
Over me again
Your unfailing love - Hillsong

segunda-feira, julho 16, 2007

Íxion

Eu escrevo para me libertar...
Do grito entalado na garganta
Da revolta que enche o peito
Do estigma que marca a alma.

As palavras são as armas utilizadas
Nesta batalha eterna entre a razão e a emoção
Meu opositor? Nem percebe-me...
E mais uma vez sinto que estou
A lutar contra moinhos de vento...

Estou farta! Basta!
Porque o retorno parece ser inevitável?
O Carma, a roda da vida a girar. Íxion.

E eu? O que faço para mudar essa história?
Escrevo. Somente escrevo.

Patrícia Prado

segunda-feira, julho 09, 2007

Phoenix

O que acontece?
Estranha sensação...
Por mais que tente, não há como nomear.
Sei que algo assim já existiu, um dia
Mas se nomeá-lo terei que assumir
A responsabilidade de vivenciar o que esta a acontecer.
Uma coisa é certa: trouxe-me de novo a vida
E isso é tudo, isso é tudo...

Patrícia Prado

sexta-feira, julho 06, 2007

Sobre aqueles que acreditam no além: Uma análise sobre cultura e religião a partir da obra de Nietzsche

Um dia, Zaratustra, ele também como todos os alucinados pelo além, elevou sua ilusão para além do homem. Obra de um deus sofredor e atormentado, assim me pareceu então o mundo.
“O mundo me parecia um sonho, uma ficção de um deus, vapor colorido diante dos olhos de um ser divinamente descontente”.
Bem e mal, alegria e desgosto, eu e tu, tudo me parecia mais vapor colorido diante dos olhos criadores. O criador queria desviar de si mesmo o olhar e então criou o mundo.
(NIETSCHE, P. 35)

Assim falava Zaratustra, de Frierich Willhelm Nietzsche (1844-1900) é uma obra que retrata a busca de um super-homem capaz de superar as mudanças ocorridas na sociedade e consequentemente em si mesmo. A sociedade retratada por Nietzsche é uma sociedade hipócrita, baseada em preceitos moralistas que imobilizam o homem na sua busca de si. Por isso Deus está morto. Nós, membros dessa sociedade o matamos.
Mas se Deus está morto, porque estamos presos as correntes moralistas da religião? Porque o além ainda é mais atrativo que a própria vida? Que mecanismos controlam essa sociedade a fim de ocultar a razão de ser e existir? Sob qual égide está o pensamento desses?
Cultura. É a cultura que legitima o pensamento teocentrico e o trata como herança à posteridade. Sob a égide da cultura firma-se a religião.
No capítulo Sobre aqueles que acreditam no além (NIETSCHE, p.35) o autor faz uma reflexão sobre a necessidade da criação de um deus é inerente ao homem e como essa o aprisiona em conceitos divinos vividos por humanos. Segundo Nietsche o medo do sofrimento leva o homem a busca de resposta além vida, uma forma de não responder as questões que estão sob sua responsabilidade.
Sob a roupagem da religião homens inescrupulosos organizam a sociedade e as manipulam a seu bel prazer. Como em um grande teatro de marionetes a humanidade ensaia os atos que o levarão ao ápice da história: a redenção da alma. O corpo nada mais é que um recipiente ainda em desenvolvimento ao qual abriga uma alma imortal em busca incessante pela perfeição. Imperfeito, esse corpo deve ser domado pelas chibatas da moral. Fé e lealdade aos preceitos: eis a junção que pode libertar-nos do fim.
E assim o homem traça o seu caminho, programa o seu destino e a cada nova geração esses ensinamentos são retransmitidos a fim de garantir a permanência do grupo e da própria humanidade.
Essa permanência só é possível porque a cultura possui mecanismos que garantem a permanência desse ensino, e a educação é sua guardiã. Tais preceitos baseiam-se sempre em conceitos morais e que ganha tom de verdade absoluta quando associado a uma entidade nomeada pelos seus seguidores.
Jeová, Alá, Brama, Amana... Diversos nomes um conceito básico: deus, criador, juiz. Sob suas mãos está o controle da vida e da morte. O destino da humanidade repousa sobre seus ombros e aos homens, cabe obedecer seus preceitos, preceitos esses registrados em livros tão diversos quanto as divindades mas que possuem alto teor de autoridade a ponto de se serem considerados dignos de fé e prática.
A educação é a arma que a cultura utiliza para perpetuar esse círculo eterno. Ela é a guardiã das tradições e como tal cabe a ela ser a transmissora. Um exemplo disso encontram-se nas escolas Islâmicas. Nas escolas corânicas, baseia-se na idéia de que o papel do aluno é ouvir. Nesses estados onde a religião é a lei, nem mesmo a arte fica ilesa de suas restrições. No mundo muçulmano os desenhos produzidos são abstratos, pois só Deus é criador e ao tentar reproduzir o desenho de uma árvore, por exemplo, estariam equiparando ao criador. Por isso sua arte revela-se em traços abstratos ou em forma de mosaico.Segundo Tarik Ramadan, intelectual muçulmano em seu artigo escrito à página da educação , é necessário uma reforma no ensino islâmico caso não queiram se auto-excluir.
A ciência apela: deve-se banir a religião da escola, a instituição deve ser completamente laica.
Vista sempre como inimigo número um da igreja, a ciência esteve por alguns séculos silenciados. Com a ascensão do iluminismo e a busca de resposta pela razão o homem torna-se seu próprio deus colocando-se como centro do universo e de sua vida.
Se penso, logo existo e se existo EU SOU. Não é preciso um deus para dizer o que devo ou não fazer. Sozinho existo, sozinho faço. Mas será que a máxima é verdadeira? O homem conseguiu sobreviver com sua razão? O intelecto deu resposta as ânsias de sua alma infinita?
A filosofia parecia ser a resposta para suas dúvidas e apreensões e o individualismo crescente fez com que os valores culturais fossem mensurados a partir de sua utilidade para o progresso e não pelo seu significado único para cada sociedade.
A corrida pelo sucesso levou os homens a perda de sua identidade primeira: a identidade cultural. Cidadãos de um novo mundo, o deus agora baseava-se no capital e tudo era permitido em nome dele.
Se antes ter era um abismo que separava os homens do criador, agora a religião legitima o trabalho e não é mais proibido possuir. A demência da razão era coisa que aproximava de Deus e a dúvida era pecado. (NIETSCHE, p. 37)
Utilizando-se do discurso religioso, por muito tempo o homem tornou-se cativo dos preceitos morais ditados por alguns que segundo Zaratustra consideram semelhantes a Deus. (NIETSCHE, p. 37).
Nietsche, ao contrário do que muitos acreditam, não é um ateu blasfemo, mas um crítico a organização que utiliza o nome de uma divindade a fim de conseguir poder. A vontade de poder leva os homens há aprisionarem seus próprios semelhantes com as algemas do castigo eterno e é sobre eles que vem a crítica. Utilizando-se do que os homens consideram mais sagrados, esses não medem esforços para deturpar a verdade em busca de sua realização pessoal. Um reflexo da própria evolução do homem.
Se nos primórdios dos tempos a busca incessante do homem era encontrar respostas em como ser, com o passar dos tempos seu ideal passou a buscar subsídios para levá-lo a ascensão nessa vida. Mesmo com o olhar voltado para as coisas terrenas, a visão do além não foi de toda esquecida e isso graças a cultura que ainda prega e guarda esse preceito eterno.
De forma diferente talvez, o além agora pode ser conquistado. Não são mais necessários autos-flagelos o capital pode assegurá-lo. Hedonista, defensores do prazer instantâneo, correm contra o tempo; uma vida fast-food é o que procuram. Em cada praça, em cada vitrine, em cada rua, homens e mulheres, jovens e crianças, a humanidade caminha em passos rápidos como a vida se tornou rápida. Não há tempo para brincar, para conversar, para viver. Time is money diz a cultura vigente e deus legitima isso!
E o interessante é que nossas crianças são adestradas para esse show chamado vida. A programação começa com a demarcação do tempo. Há tempo para todas as coisas diz o Livro, e a escola também acredita nisso. Há tempo para brincar, há tempo para estudar, há tempo para falar.... Mais tempo ainda para silenciar. Silêncio, silêncio, silêncio. É a frase que repetimos todos os dias quando recitamos as máximas ditadas pelo sistema. Fragmentados, somos criaturas em busca de redenção, e quem poderá nos defender de nós mesmos? Uma vez enfermos, menosprezamos o corpo e a terra em busca dessa redenção e inventamos as coisas celestes e as gotas de sangue (...) Mas vejam só, uma vez as inventamos e agora somos nos mesmos que as destruímos! Até esses doces e lúgubres venenos os tomaram do corpo e da terra!
Se Deus está morto tudo me é permitido, não é assim? NÃO! Diz a cultura. Nada lhe é permitido, existem regras e essas devem ser seguidas a fim de mantermos a sobrevivência. Aqueles que não acreditam nisso, sejam lançados fora, para as catacumbas! Escórias da sociedade! Retire do nosso meio o câncer que contamina todo o corpo! Fim aos traidores do sistema!
E a humanidade caminha. Para onde? Não se sabe ao certo, só se sabe que caminham. Parafraseando Pessoa, caminhar é preciso, viver não é preciso. Eis a máxima pós-moderna.
Não somente o corpo mas a terra sente os efeitos decorrentes da morte de Deus. Parte da criação divina, a natureza era uma das maneiras de contato com o criador e para algumas religiões ela continha a essência do próprio deus. Mas, o “apego as coisas desse mundo” levaram alguns a não trata-la como parte da divindade e a sua morte também já a muito fora decretada. Caminhamos rumo ao fim, ao fim da humanidade, ao fim do universo.
Catástrofes, mortes, extinção. Palavras normais no vocabulário do homem pós-moderno e que já fazem parte dos livros didáticos. A nova ordem é reciclar a fim de manter a ordem em meio ao caos. Sempre houve muitos enfermos entre os que sonham e suspiram por Deus. Odeiam furiosamente aquele que busca o saber(...) Ensino aos homens uma nova vontade: querer esse caminho que o homem seguiu cegamente, considera-lo bom e não se afastar dele furtivamente como os enfermos e os moribundos!
Um vapor colorido diante dos olhos de um ser divinamente descontente parecia o mundo aos olhos de Zarastutra. Vivendo uma dialética eterna o criador desvia o olhar de si mesmo e cria o mundo. Um mundo que reflete a eterna contradição, sonho inebriante de seu imperfeito criador.
A cada nova geração surge o mundo e quantos mundos ainda teremos a chance de criar? Quantos “deuses” a educação ainda pregará? O que restará como preceitos basilares da sociedade em questão dignos de ser guardados e repassados?
Como em sonho ainda estamos a delirar na esperança de um mundo melhor menos injusto, menos discriminatório, menos hipócrita. E lançamos sobre o futuro essa esperança e nas mãos de quem? Das crianças. Pobres crianças! Sobre elas pesam o destino da família, o destino da cidade, o destino da nação, o destino da humanidade!
Tutor desse pequeno salvador, a educação assegura através do ensino a cartilha básica que “garantirá” o sucesso em sua batalha contra os inimigos do Estado. Aos pais fica a responsabilidade de nutrir, zelar e cuidar para que os ensinos administrados por esse aparelho legitimado sejam fixados. E a cultura? Essa será a eterna guardiã, que assegurará a continuidade desse projeto eterno que é o de uma sociedade organizada sob leis que garantirá o progresso e o bem estar de todos.porque não dizer de um. Novos deuses em construção, eis o que nos aguarda o futuro e deus? Esse morrerá, se for preciso.

quinta-feira, julho 05, 2007

Quanto vale o seu pensamento?

Quem pensa por si só é livre e ser livre é coisa muito séria.
Renato Russo

segunda-feira, julho 02, 2007

Sabedoria da vida


Me ame quando eu menos merecer, pois é quando eu mais preciso.
Provérbio Chinês

Insano

A cada dia transcendo a realidade do absurdo existencial que me propõem. Corja de hipócritas preconceituosos que vendem a liberdade de ser a um sistema caduco e falido.
A vida pulsa em mim. Estou aqui, por isso vivo.

Patrícia Prado

sábado, junho 09, 2007

Existem alguns momentos na vida de um homem em que ele enfrenta tantas dificuldades, tantos inimigos, que não é suficiente que seja apenas um homem. Ele precisa ser um super-homem.

Zaratustra, 6 a.C.

Desafio

Eu e você usamos a mesma língua, as mesmas palavras. Mas que culpa temos nós de que as palavras, em si, sejam vazias? Vazias, sim. Ao dizê-las a mim, você preenche-as com o seu sentido e valor; e eu, ao recebê-las, inevitavelmente preencho-as com o meu sentido e valor. Pensamos que nos entendemos; de fato, não nos entendemos. (…)

Luigi Pirandello

quarta-feira, junho 06, 2007

The Passion of the Christ

O que dizer de A paixão de Cristo? Que crítica um cristão convicto poderia fazer a das mais belas obras que o cinema produziu sobre a vida e morte de Cristo?
Muitas foram as análises sobre essa obra. Hipócritas, as pessoas não se conformavam com a “brutalidade” das cenas, com os açoites, com os castigos descritos. Coitado do Cristo! Exagerado demais o filme. Aproveitaram-se da história para ganhar dinheiro...
Quando ouço tais argumentos fico a pensar: porque será que nos comovemos com a morte de Cristo mas não nos comovemos com milhares de pessoas que são mortas nas grandes cidades, nos morros, nos campos, no mundo? Porque o Cristo não pode ser retratado como um homem sofredor? Porque a visão do Cristo homem deve ser sempre menosprezada, ou melhor camuflada?
Jesus foi 100% homem e ao mesmo tempo 100% Deus. Tal afirmativa é complexa e difícil de entendimento, algo que ainda a doutrina sobre a Trindade tenta explicar. Todo o sentimento inerente a um homem, Jesus sentiu, todas as tentações que um homem é exposto creio que ele passou, mas suportou-as porque havia um propósito especifico em sua vida na terra.
Quando o verbo se tabernaculou, tornou-se carne abriu mão de sua deidade para viver entre os pecadores. Um corpo fantasmático estava a se formar. Inserido em uma cultura altamente seletiva, Jesus conseguiu libertar-se desse julgo imposto pela sociedade de sua época e a tona seu ipseidico revelou toda a verdade que o trouxera a vida entre os homens.
Mas a libertação do fantasmático tem um preço e esse pode ser a própria vida. Incompreendido seu castigo foi a cruz.
Assim como Cristo muitos homens que de alguma forma tentaram libertar-se das algemas de uma cultura dominadora e cruel foram massacrados eliminados por ela. Ser participante de uma comunidade é estar em acordo com seus preceitos uma vez que isso não ocorre deve-se tirar de cena aqueles que lutam contra a ordem estabelecida.
Uma história conhecida por muitos, mas que sempre deve ser lembrada, A paixão de Cristo é um filme que mexe com as emoções e faz-nos repensar nossa trajetória, nossas escolhas, nossa vida.
Patrícia Prado

Os 92 minutos do Sr. Braun

Que angustia saber que tem-se somente 92 minutos de vida! O que pensaríamos? O que faríamos?Uma vida inteira diante de você apenas 92 minutos para resolvê-la!
Assim é Os 92 minutos do Sr. Braun . Uma trágica comédia. O enredo traz a historia de Braun um homem que após diagnosticado uma doença descobre também que tem apenas 92 minutos de vida.
Toda sua vida começa a perder o sentido e a única idéia que lhe surge a mente é despedir-se dos seus. Mas algo pelo qual Braun não esperava: as pessoas estão muito ocupadas com suas vidas, elas não têm tempo.
Essa é a realidade do homem pós-moderno. Mergulhado em sua subjetividade não percebemos o outro. Andamos em meio a multidão. Não conhecemos nosso vizinho, nossos parentes são apenas alguém que possuem o mesmo sobrenome e nossas vidas se resumem a um bater de relógio que faz a marcação do fim.
O homem moderno perdeu a sensibilidade. Viver ou morrer é apenas uma questão de tempo. Todos terão o mesmo destino, logo não adianta lamentar-se por ele.
E assim, nossas relações tornam-se frias, calculistas e superficiais. E a vida passa e a morte chega e um dia seremos apenas um nome inscrito em uma lapide em algum terreno comprado ou emprestado pelo Estado.

Patrícia Prado

Blade Runner

O que nos fazer ser humanos? O que nos distingue das máquinas? Liberdade? Emoção? Vida?
Em um mundo globalizado onde as fronteiras se rompem e a tecnologia dita as regras do jogo que mobiliza a humanidade as palavras que caracterizam o humano perdem o seu significado primeiro.
Blade Runner é um filme que nos faz perceber isso. Manipulação de sentimentos utilizando-se das lembranças é uma forma de manter cativos as mentes e sentimentos.
Matar para não ser morto, a lei da selva retorna novamente em meio a sociedade altamente tecnológica e por que não dizer moderna. Estranho pensarmos que o homem em sua ânsia pela superação de si mesmo tem regredido. Somos mais primitivos que nossos antepassados.
As relações humanas são pautadas na utilidade que cada ser tem. Se me és útil tem um valor caso contrário deves ser descartado. Assim foram com os replicantes: uma vez cientes de que poderiam ser mais que mão-de-obra escrava e na busca de sua liberdade rebelam-se e tal ato levam seus “genitores” a desejarem sua eliminação. Mas e a liberdade? E a escolha onde ficam?
Liberdade, igualdade, fraternidade são utopias. Somos resultado do desejo de um sistema especifico que alicerçado em pressupostos morais dita as normas. O consciente é prisioneiro de um habitus ensinado, preparado antes de existirmos .
Patrícia Prado
Mesmo habituados a determinados comportamentos o ser humano possui dentro de si questionamentos e esses questionamentos estão ligados intimamente a sua existência. Encontrar o criador a fim de alcançar respostas que a inteligência não consegue dar é a busca de todo homem-máquina.
E nesse afã cria e recriam deuses, seres sagrados que conforme o imaginário de cada um dará respostas plausíveis aos seus anseios humanos.
Isso leva-nos a crer, segundo dizem os estruturalistas, que mesmo distintas as culturas fornecem padrões parecidos em seus fundamentos.
Assim, podemos inferir que os homens possuem um ethos similar, mas habitus que se distinguem devido a particularidade de cada cultura.
Blade Runner nos fornece essas imagens; no encontro dos homens com as máquinas um embate: quem é mais humano? O replicante que consegue perdoar e salvar seu perseguidor ou o homem que mata a pedido de alguém?
Uma análise pertinente que nos remete a uma verdade: estamos caminhando a passos largos para o fim. Não o fim registrado nos escritos sagrados, mas um fim como ser. Somos homens-máquinas e nem temos percebido isso.
Nossa ética é fria, nossas ações mais ainda. Um corpo em meio à multidão que não se destaca porque é igual a tantos outros ali. Sem vontade própria, sem pensamentos seduzidos pela beleza fugaz das coisas (e pessoas têm se tornado coisas!)
Enfim, Blade Runner traz-nos essa reflexão e nos faz pensar qual a diferença entre uma máquina e o homem moderno? O homem ainda é um ser ou se perdeu na evolução? A ciência como detentora de um poder criador pode ser a arma de destruição da raça humana?
Questões, questões, questões. Eternas questões.

Lord of the files

Tratar como estranho o que é conhecido; tratar como conhecido o que é estranho. A partir da perspectiva teórica da etnografia O Senhor das moscas revela-nos o outro lado do ser humano quando lhe é tirada todo o arcabouço cultural.
Isolados e perdidos 25 jovens da Academia Militar dos EUA encontram-se a mercê da própria sorte.
Em principio tentam-se organizar aos moldes do aprendizado cultural, porém com o passar dos dias percebem que a lei que organiza aquele espaço deve ser outra e assim vêem-se diante do desconhecido.
Tudo é novo e diante desse é preciso dar respostas a fim de sobreviver. Uma luta interna é travada : de um lado o instinto natural humano (Freud provavelmente não usaria esse termo, mas na ausência de um termo mais elucidativo fiquemos com esse para maior compreensão) do outro o comportamento aprendido.
Um filme chocante e que deixa-nos a pensar sobre a verdadeira natureza humana. O que somos sem o controle da cultura? Quais são os sentimentos que permeiam nosso ser? Tais sentimentos são inatos ou adquiridos através do aprendizado cultural?
Além do enredo outro fato chamou-me atenção foi o nome do filme. O nome Beelzebuth, do hebraico traduzido significa senhor das moscas. Na hierarquia ele seria o príncipe dos demônios no pensamento judaico-cristão. Porque será então que o filme leva tal nome?
As atrocidades cometidas por aqueles jovens estariam ligados ao mal, pensaríamos. Somente uma pessoa fora de si, dominada por forças externas poderia em chegar a crueldades e atrocidades como aquelas.
Tal pensamento é formulado a partir de uma ótica de análise ocidental cristã, mas se analisarmos outras comunidades a morte e a crueldade são fatos reais e cotidianos. Quantas mulheres não são mutiladas em paises africanos em nome de uma tradição? Quantas crianças ainda hoje não são entregues em sacrifícios a uma divindade? E se não fosse o bastante, quantas crianças são abandonadas ou abortadas não em nome de uma divindade, mas em nome de um sistema de controle de natalidade como na China?
É estranho aos nossos olhos tais fatos, mas todos os dias somos convidados a trata-los como conhecidos e fazemos muito bem pois a morte já não é mais novidade e nem causa mais repulsa os maus tratos cometidos aos nossos semelhantes.
Não há como assistir a uma obra como essa é ser indiferente. Um espelho é colocado-nos a frente para que possamos ver aquilo que muitas vezes tentamos ocultar: nossa natureza é má mas a cultura pode transforma-la em algo bom, digno de convivência entre os outros.
Assim passamos nossa vida a conviver com sentimentos estranhos em nós que sempre estão a querer romper as quais acabamos nos acostumando e passando a trata-los como conhecidos quando na verdade é tão estanho quanto nos mesmos. O verdadeiro Self, alguém o conhece?
Patrícia Prado

O Baile

Disseram-me que era um filme mudo. Cheia de conceitos já pré-estabelecidos sentei-me para vê-lo. Horrível! Foi a primeira crítica.
Alguns dias se passaram e novamente as cenas estavam diante de mim: O baile. Desta vez, junto com outras pessoas as cenas trouxeram-me muitas gargalhadas.
Um tempo depois fiquei a pensar sobre esse filme: o que teria de interessante a ponto de ser colocado para análise? Como poderia relacioná-lo a algum esquema?
Pois bem, tentemos tecer algum comentário.
No baile da vida os personagens se encontram. Todos a bailar sobre a melodia que embala as emoções, as ilusões.
Sons distintos ecoam pelo salão. Uma música tocada emoções distintas sentidas.
No primeiro momento as mulheres chegam ao salão e esperam por par. Distintas mulheres, distintas vidas. Cada uma representa uma personalidade, uma busca, uma verdade.
O objeto que fará conexão com a busca de cada uma será a música. Ela as levará ao encontro do realizar do desejo.
Os homens chegam. Diferentes em seus trajes e comportamentos começam a seleção. Apenas alguns conseguem formar um par perfeito. A arte imitando a vida?
E nessa dança o tempo vai passando. Encontros, desencontros, traição. Mas alguém fica a olhar todo esse movimento. Na expectativa de ser convidada a bailar uma das mulheres fica até o termino do baile esperando, esperando.
Expectadores da vida escolhemos muitas vezes esse papel por medo de se arriscar, por medo de viver. E assim, observamos a vida passar como quem contempla o mar em uma tarde de sol.
Não conseguimos fazer conexão com nenhum objeto de nossa cultura, pois tudo nos é estranho e o estranho nos causa medo, repulsa. E ao não se conectar não aprendemos os passos certos que a dança da vida requer.
Segundo Nietzche é preciso ter ainda um caos dentro de si para gerar uma estrela que dança. (...) aproxima-se o tempo em que o homem já não conseguirá gerar estrela alguma. Aproxima-se o tempo do mais desprezível dos homens, daquele que já não pode se desprezar a si mesmo.
Se o caos é necessário para gerar uma estrela que dança então faz-se necessário lançar-se sobre o abismo ou então ficar a contempla-lo ouvindo sempre o mesmo eco, o eco da própria voz.
Patrícia Prado

sexta-feira, junho 01, 2007

Tente outra vez...


VEJA
Não diga que a canção está perdida
Tenha em fé em Deus, tenha fé na vida
Tente ou...tra vez

BEBA
Pois a água viva ainda está na fonte
Você tem dois pés para cruzar a ponte
Nada aca...bou, não não não não

TENTE
Levante sua mão sedenta e recomece a andar
Não pense que a cabeça agüenta se você parar,
Há uma voz que canta, uma voz que dança, uma voz que gira
Bailando no ar
QUEIRA
Basta ser sincero e desejar profundo
Você será capaz de sacudir o mundo, vai
Tente ou...tra vez

TENTE
E não diga que a vitória está perdida
Se é de batalhas que se vive a vida
Tente outra vez

Simplesmente Raul

sexta-feira, maio 11, 2007

Eu não quero, eu não posso viver de sonhos...

I can't live inside of the dream
I can't live inside of the dream
I'm changing in my mind next week
I'm changing in my mind next week

Bruises up my arms and a strange look
Who the hell i amI want to tell you everything
I can't make up my mind
Never live inside of the dream

I'm livin' inside of the dream
And everything's nothin' i need
This i don't believe
Bells in Birmingham are ringing
Who the hell am i
I want to tell you everything
I can't wake up my mind

Jet - Bruises

segunda-feira, maio 07, 2007

Quem quer ser responsável?

E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho que se voltou mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita.
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o princípe, estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho. Após uma reflexão, acrescentou:
- O que quer dizer cativar ?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro amigos, disse. Que quer dizer cativar?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa criar laços...
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo... Mas a raposa voltou a sua idéia: - Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música. E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento do trigo... A raposa então calou-se e considerou muito tempo o príncipe:
- Por favor, cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principe, mas eu não tenho tempo. Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não tem tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres uma amiga, cativa-me! Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"

Antoine Saint-Exupéry

Acaso

Cada um que passa em nossa vida,
passa sozinho, pois cada pessoa é única
e nenhuma substitui outra.
Cada um que passa em nossa vida,
passa sozinho, mas não vai só
nem nos deixa sós.
Leva um pouco de nós mesmos,
deixa um pouco de si mesmo.
Há os que levam muito,
mas há os que não levam nada.
Essa é a maior responsabilidade de nossa vida,
e a prova de que duas almasnão se encontram ao acaso.

Antoine de Saint-Exupéry

sexta-feira, maio 04, 2007

Eu decidi

Hoje é o primeiro dia de muitos que virão dessa nova fase.
Decidi que não tenho tempo a perder com indecisões, medos, inseguranças...
Existe uma estrada pronta para ser seguida,
Existe um caminho a se abrir e eu decido trilhá-lo.

As palavras que não foram ditas fica para a próxima vida
As emoções não vividas continuam adormecidas a espera do momento oportuno.
E a vida? Essa continua sendo digna de ser vivida na intensidade dos desejos que a alimenta que a traz a existência.
Decidi. Decidi ser. Decidi ter. Decidi viver.

Patrícia Prado

Não dá para ver a vida pela fechadura.
É preciso coragem para abrir a porta.
Assumir riscos:
Necessário quando se quer viver.

Patrícia Prado

quinta-feira, maio 03, 2007

A armadilha



Só por hoje vou te esquecer...
Só por hoje vou dizer para o meu coração que ele não precisa de você.
Só por hoje, apenas por hoje...

As fichas foram quebradas.
O jogo começa de novo.
Só por hoje... apenas por hoje...

Patrícia Prado

Amnésia


O que aconteceu? Quem esteve aqui nesta noite?
Quem fez isso?
Quem tirou do lugar essas coisas, essa rotina, essa vida?

Tudo em desordem. O caos. E eu não sei como voltar ao normal.
A estaca zero. O ponto de mutação. O (des)equilíbrio.

Patrícia Prado

quarta-feira, maio 02, 2007

Salto no escuro

Em um beco sem saída me encontro.
A noite é escura. O frio gela minh'alma.
Nem um som é ouvido nessa noite sem lua.
Nem uma voz, nem um sussurro, nenhuma direção.
Corro.

Um grito ecoa no silêncio. É a dor do não saber, do não viver.
Mas eu corro, eu corro...
Para onde esse caminho me levará? Onde terminará essa estrada que parece não ter fim?

Labirintos se abrem a minha frente
E como Teseu desenrolo a linha que pode me levar de novo a saída
Onde chegarei? Só o tempo dirá...
Mas eu corro, eu corro, eu corro...
E salto: no escuro.

Patrícia Prado

Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se curam

Te vejo errando e isso não é pecado
Exceto quando faz outra pessoa sangrar
Te vejo sonhando e isso dá medo
Perdido num mundo que não dá pra entrar

Você está saindo da minha vida
E parece que vai demorar
Se não souber voltar ao menos mande notícia

Cê acha que eu sou louca
Mas tudo vai se encaixar
Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

Você tá sempre indo e vindo, tudo bem
Dessa vez eu já vesti minha armadura
E mesmo que nada funcione
Eu estarei de pé, de queixo erguido

Depois você me vê vermelha e acha graça
Mas eu não ficaria bem na sua estante
Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia

Só por hoje não quero mais te ver
Só por hoje não vou tomar minha dose de você
Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se curam
E essa abstinência uma hora vai passar...

Pitty - Na sua estante

terça-feira, maio 01, 2007

Simplesmente...


Te dua ou se preferir...
Sarang Heyo e se ainda não entendeu tentarei ser mais clara...
Afgreki!
E se mesmo assim não compreenderes minha fala silenciosa,
Não conseguires ler o meu olhar, se atente para as palavras
que o vento lhe traz nesse tempo e ouça:
Volim Te...
Jeg Elsker Dig...
Ljubim te...
Je t'aime...
Eu amo você ... Eu Amo você.
Isso. Simplesmente isso.
Patrícia Prado

terça-feira, abril 24, 2007

Sobre o amor...

O amor é o objetivo último de quase toda a preocupação
humana,é por isso que ele influência nos assuntos mais relevantes,
interrompe as tarefas mais sérias e por vezes desorienta
as cabeças mais geniais.
Schopenhauer

Reinvenção da vida

Já não há passado.
Esse ficou trancado no porão das reminiscências.

Já não há futuro.
Esse é possibilidade.

E o presente?
Uma aventura que desperta a cada novo amanhecer.

Patrícia Prado

Mutação


Já não sou mais o mesmo.
O que era ontem já não é,
E o amanhã não tenho certeza.
Não me preocupo:
Sou folha, sou brisa, sou ventania.

Os conceitos se perderam, novas visões.
Não tenho razões nem ilusões.
Sou mar. Sou selva. Sou águia que vai...

Livre de pré-conceitos que escravizam a alma
Que fere, que mata os sonhos.
A máscara da hipócrisia caiu
E no lugar a face marcada
Pelas escolhas que a vida fez.
Já não sou mais o mesmo...
Definitivamente não sou.
Patrícia Prado

Cega-me, para que eu possa ver-te


Uma imagem pode dizer muito?
Por causa da imagem pode-se condenar ou absolver alguém.
Mas o que é uma imagem, se não um conceito ilusório formado à partir de pressupostos culturais?
A imagem do outro reflete escolhas, gostos, marcas...
Mas não pode refletir a essência, pois essa está além da imagem
a essência é a matéria da qual se faz o ser, o outro.
E como é difícil descobrir os elementos que compõe essa matéria!
Qual dolorosa é o modo a que faz!
Ver o outro além da imagem externa, estética requer uma ação macabra, dolorosa:
é preciso arrancar os olhos. Só quando estivermos cegos poderemos ver a essência,
pois essa só pode ser vista com os olhos do coração.


Patrícia Prado

quarta-feira, abril 18, 2007

Nota


A marcha fúnebre é ouvida.
A cada instante a consciência da morte é mais forte.
E a passos largos caminho em direção a vida,
Livre... Leve... Serena...
Eis o fim de tudo.
Patrícia Prado

quarta-feira, abril 11, 2007

Amor e Perda


O risco do amor é a separação.

Mergulhar na relação amorosa supõe a possibilidade da perda.

(...) a separação é a vivência da MORTE do outro em minha consciência

e a vivência de minha MORTE na consciência do outro.


Filosofando p.321

A Espera da Esperança


O tempo. Eis o tempo.
Cronologicamente, cada instante, cada minuto, cada segundo...
Eu vejo o tempo.
E com ele se vai a esperança.
Mas o coração teima insistir, em esperar a esperança.
Um misto de razão e emoção
Levam a construção de um pensamento confuso
Marcado pelas batidas impiedosas do tempo.

E a vida descobre que é na fantasia
Que vive a esperança que faz esperar pelo tempo.
Patrícia Prado

domingo, abril 08, 2007

SER e ESTAR

Evitar o perigo não é mais seguro do que viver exposto a ele. A vida é uma AVENTURA ou, então não é NADA. Hellen Keller.
Se é assim eu escolho a ventura de viver todas as possibilidades da vida. Livre para escolher, livre para pensar, livre para SER. E um dia, quando for apenas pó sei que continuarei eternizada nas histórias que fui mais que uma simples coadjuvante, fui também a escritora, a atriz principal pois eu vivi, eu me permiti. Eis a razão de exisitir. O resto é apenas uma doce ilusão que se vai como bolhas de sabão.

Patrícia Prado

sábado, fevereiro 24, 2007

Epitáfio

Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
Até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer
Queria ter aceitado as pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor
Queria ter aceitado a vida como ela é
A cada um cabe alegrias e a tristeza que vier

Composição de Sérgio Britto interpretada por Titãs

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

O Eterno Retorno


Os olhares se cruzam.
Um instante.
O tempo suficiente para trazer a existência
o que se julgava perdido.

Em erupção entra o coração.
E um misto de desejo e dor aflora.
O corpo. Sente.
O eterno retorno do que não se passou.
Do que não se perdeu.

Patrícia Prado

terça-feira, janeiro 30, 2007

Ephémeros


A cada minuto o fim de um instante.
A cada instante, a oportunidade de um recomeço.

Patrícia Prado