quinta-feira, agosto 23, 2007

Universidade, lugar de todos?

Vem vamos embora que esperar não é saber, quem sabe faz a hora não espera acontecer... Quem nunca ouviu esse refrão? Quem não cantarolou essa frase algum dia? Esse foi um dos hinos de uma geração que lutou bravamente contra a incoerência, contra a mentira de um país que sempre pregou a democracia. Hoje, esse mesmo hino eclode na mídia anunciando uma nova era onde a democracia se faz ver através da educação. Novamente essa será a canção de muitos. Mas os que irão cantar sabem o porque cantam? Dizem por aí que quem canta os males espanta, mas nesse caso será preciso mais que uma bela canção para espantar o mal que está por vir. Ao mencionar essa canção, faço menção do Pro-Uni. Uma proposta do governo para inserir a grande massa nas Universidades Privadas. Uma boa estratégia? Talvez, mas não sejamos de todos pessimistas. Tudo na vida é relativo e não seria diferente nessa questão. Existem os que defendem tal ação como forma de dar oportunidade aqueles que não foram afortunados pela vida e não tiveram uma base educacional que os ajudasse a concorrer com as “Patrícinhas” e “Mauricinhos” da vida. Assim, o governo dá uma mãozinha pró povão e o povão dá uma mãozinha pró governo e é claro para a nação pois a educação é a grande mola propulsora do progresso! Outros já são contrários e dizem que tal ação favorecerá apenas os empresários que estão cheios de cheques sem fundo e uma lista de nomes pronta para o SPC. Favorável ou contra a pergunta que fica hoje é: os que estão a entrar com o aval do governo sabem os que o esperam? Será que a Universidade é um lugar onde o saber se desenvolve sem discriminação, onde todos somos irmãos, mauricinhos, patrícinhas e tatis da vida andam juntos em busca do saber a fim de que nosso país tenha a ordem e o progresso que tanto almejaram os positivistas? Pois bem, que abram as portas das Universidades, que entre o povo, mas que todos saibam que a discriminação se apresenta na fala dos mestres e como um sino que soa faz com que suas badaladas ecoem sobre todos criando um exercito que empunha o preconceito como a arma de seu combate. Negros na Universidade? Deficientes? Escola pública? Cota? Que gente é essa que entra pelos portões da GRANDE ACADEMIA e divide os bancos com aqueles que (não sei porque) tem o direito a estarem aqui? Que gente é essa que “rouba” parte das vagas nas GRANDES INSTITUIÇÕES PÚBLICAS? Que gente é essa que não consegue pensar, mas está aqui entre nós, as GRANDES MENTES PENSANTES? Que gente é essa que sai dos guetos e traz um novo som que tenta se afinar com o dos GRANDES MESTRES POSITIVISTAS? Que gente é essa que quer ser gente, mas não consegue pensar como gente GRANDE e por isso faz com que nosso ensino caia? Esse tem sido o discurso de muita gente grande nas Universidades Públicas sobre os cotistas. E o que dirão dos Pró Uni da vida? Esse é apenas um pequeno ensaio de uma discussão que deve continuar. E enquanto nos preparamos, vamos caminhar e cantar pois a morte é certa e o futuro só a Deus pertence! Quem sabe faz a hora, não espera acontecer. Papalagui Honestino um integrante dessa gente.

Texto redigido por Patrícia Prado em dezembro 2005 como manifesto há discriminação sofrida pelos cotistas em uma Universidade Pública de Minas.

Nenhum comentário: